Sábado, 05 de Outubro de 2024

Home em foco 17 candidatos a vereador pelo País têm mais de 90 anos

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O ano de 1929 é conhecido por muitos eventos históricos: a primeira premiação do Oscar em Hollywood, a formação da aliança que levaria Getúlio Vargas à presidência e, claro, o início da crise econômica nos Estados Unidos conhecida como Grande Depressão. Foi neste ano também que nasceu Alda Santos Cruz, ou Alda Cordelista (PSB-SE) — nome que ela irá portar na urna eletrônica, já que integra a lista dos 17 candidatos nonagenários das eleições municipais de 2024.

“O ser humano é um ser político, nasce político. A maneira como vivi me fez política”, declara a candidata a vereadora pela cidade de São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju (SE).

O Brasil viu o número de candidatos com mais de 85 anos crescer de 148, em 2020, para 169, em 2024 — números que excluem os candidatos que apresentaram datas de nascimento distintas em outras eleições —, um aumento de 14%, na contramão da queda geral no número de postulantes.

Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Brand Arenari, o aumento está relacionado ao envelhecimento populacional brasileiro. “O Brasil também teve um aumento muito grande da sua população mais idosa e da expansão de acesso à saúde e a uma série de fatores que permitem que se tenha uma vida, mesmo na fase mais tardia, idosa, com qualidade. Isso impacta toda a sociedade. E, claro, impacta nas eleições também”, frisa Arenari.

Dados do último Censo mostram que o total de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil é de 10,9% da população, um avanço de 57,4% em relação ao censo de 2010. O número de idosos no País chegou a 22,1 milhões de pessoas.

Celso Loula Dourado (PT-BA), candidato a vice-prefeito da cidade baiana de João Dourado em chapa com a candidata Rita de Dr. Celso, diz se sentir mais novo que muitos adversários no auge dos seus 93 anos. O professor, que já foi eleito deputado federal pelo estado da Bahia e opositor à ditadura militar, afirma que pretende seguir até o fim no cargo, caso seja eleito.

“Eu sou apaixonado pela política”, declara. O candidato a vice nasceu em 1931, mas só foi registrado um ano depois. De acordo com ele, foi “escolhido para estudar” pela família e enviado a São Paulo cinco meses após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Árvores perigosas

Dourado afirma que segue na política depois de tantas décadas porque acredita que é preciso “ter coragem” para enfrentar as “árvores perigosas” que se enraízam no cenário político do País.

Alda, a candidata do PSB, se apresenta como uma candidata “negra, mulher, idosa e cordelista” e diz que o voto feminino — o qual só foi legalizado três anos após seu nascimento — “chegou tarde”. Além disso, indica que deseja abrir uma porta para outros idosos se candidatarem. Caso seja eleita, ao final do mandato em 2028, Cordelista terá 99 anos.

“Não gostaria de me reeleger, mas deixo uma porta aberta”,  diz. Ela aponta que planeja indicar iniciativas para o idoso, se eleita. A professora do Programa de Pós Graduação em Ciência Política da UFF, Soraia Marcelino Vieira, sinaliza que, conforme a população brasileira envelhece, também aumenta a demanda por projetos de lei e políticas públicas voltadas aos mais longevos.

“Idealmente, o resultado é mais leis e mais políticas voltadas para esse público, mas existem uma série de fatores a serem considerados, como o interesse dos atores políticos, por exemplo”, pondera.

Já Dourado — que, caso eleito, terá 96 anos ao fim do mandato — diz que pretende focar na educação: “A educação é que tem que fazer uma revolução neste País”.

Muito bem-humorado e religioso, ele afirma que a fé “não nos deixa ficar velhos” e que ninguém ousa o chamar assim, afinal, “velho rabugento é obra-prima do diabo”. “Eu não sou velho. Sou novo. Velhos são vocês”, garantiu em meio a risadas. As informações são do jornal O Globo.

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