Terça-feira, 30 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de dezembro de 2025
O ano de 2025 chega ao fim e, ao olhar para trás, percebo o quanto foi desafiador e transformador. Trabalhar em prol do bem comum é algo que me traz um sentimento profundo de completude, pertencimento e realização como pessoa. Pertencimento, aliás, é uma palavra que carrego com força: significa sentir-se parte de algo maior, reconhecer-se como integrante de uma comunidade, de uma causa, de um propósito. É o oposto da exclusão, é a certeza de que nossas ações reverberam em um coletivo.
Mas se espiritualmente e emocionalmente este caminho é recompensador, financeiramente ele se mostra penoso. Viver dependendo de colaborações e ajudas espontâneas foi uma lição dura que precisei aprender. Deixar o orgulho de lado e aceitar que pedir ajuda — seja uma refeição ou um lugar para pernoitar — não é fraqueza, mas sim humanidade. Essa experiência me ensinou que a vulnerabilidade pode ser uma ponte para conexões mais genuínas.
Foi um ano de muitos aprendizados. Um ano de tentar quebrar padrões de comportamento, de assumir um amadurecimento tardio em vários aspectos e, ao mesmo tempo, compreender que ainda preciso evoluir muito para ser uma pessoa melhor. Descobrir-se cheio de defeitos não é desonra, mas revelação. É abrir-se para uma nova jornada de autoconhecimento, onde cada falha se torna oportunidade de crescimento.
Entre os propósitos que tracei para 2025, a participação na COP30 em Belém foi, sem dúvida, uma das maiores realizações da minha vida. Com a ajuda de amigos, consegui estar presente nesse encontro histórico. E não fui sozinho: levei comigo a memória de José Lutzenberger, figura que me inspira a acreditar que nosso planeta precisa ser respeitado com urgência. Na COP30 tive a honra de mediar um painel que resgatou a história desse ambientalista visionário. Compartilhei o palco com a dra. Irene Carniatto, Sérgio Xavier, Arnildo Schildt e o dr. Paulo Nobre, que emocionou a todos ao relatar como Lutzenberger o inspirou a seguir a carreira de climatologista. Uma pena não termos esse momento registrado em vídeo, mas ficou o desejo de que o dr. Nobre repita seu relato para que seja eternizado.
A COP30 foi intensa. Confesso que, lá de dentro, encontrar uma “janela cognitiva” para traduzir tudo o que eu vivia e presenciava foi um desafio enorme. Mas cada relato que compartilhei no jornal O SUL foi uma tentativa honesta de transmitir a dimensão do que estava acontecendo. E esses momentos se tornavam ainda mais especiais quando eu retornava ao aconchego da casa dos amigos Claitom e Kátia, que me acolheram com generosidade.
Minha atuação como ativista da transição energética também marcou este ano. Participei de várias transmissões ao vivo defendendo a geração distribuída e a energia solar descentralizada, aplicada em pequenas empresas, estabelecimentos comerciais, propriedades rurais, residências, hospitais e prédios públicos. Considero esse compromisso autêntico e legítimo, não por buscar algum benefício pessoal, mas por cumprir uma missão e um propósito.
Em 2025, enfrentamos tentativas de aprovação de leis que poderiam prejudicar a sociedade brasileira ao limitar o avanço da energia limpa e democratizada. Denunciei, articulei, debati e resisti, porque acredito que os combustíveis fósseis são o verdadeiro calcanhar de Aquiles da humanidade. Infelizmente, não conseguimos avançar na eliminação desses poluentes, mas a luta continua.
Encerrar 2025 é, para mim, encerrar um ciclo de descobertas, conquistas e desafios. É reconhecer que, apesar das dificuldades financeiras e das barreiras políticas, seguimos firmes em uma jornada ética e filosófica que precisa ser compartilhada. Acredito que meus textos têm buscado justamente isso: repassar aos leitores reflexões que nos ajudem a evoluir como sociedade.
Deixo aqui meu agradecimento sincero a todos que acompanharam meus relatos. Que 2026 seja um ano em que possamos não apenas nos adaptar às mudanças climáticas, mas também mitigar suas causas. Que seja um ano de escolhas conscientes, de coragem coletiva e de esperança renovada. Afinal, é na união de nossas vozes e ações que reside a verdadeira força para transformar o mundo.
Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética