Quarta-feira, 02 de Julho de 2025

Home Brasil 69% dos homens e 63% das mulheres dizem que não são violentos, mas revidariam se forem agredidos

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A grande maioria da população brasileira considera que brigar não vale a pena, condena essa forma de resolver conflitos interpessoais, mas revida se for agredida mesmo não se considerando uma pessoa violenta. É o que mostra uma pesquisa inédita feita pelo Ipec e o Instituto Patrícia Galvão, com apoio da Uber.

O levantamento “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas” foi realizado para compreender a perspectiva dos brasileiros sobre esses temas que envolvem práticas invasivas, assédio e violência.

Foram entrevistadas 1.200 pessoas em todo território nacional (800 homens e 400 mulheres) entre 21 de julho e 1º de agosto deste ano. Todos maiores de 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Do total de entrevistados, 92% dos homens e 85% das mulheres declararam que brigar não vale a pena. Mas, quando questionados sobre serem agredidos, 69% dos homens e 63% das mulheres dizem que não são violentos, mas revidam.

Além disso, 37% afirmaram não levar desaforo para casa, na mesma proporção para homens e mulheres. A concordância com essa afirmação é maior (53%) entre jovens de 16 a 24 anos de ambos os sexos, atingindo 56% entre os homens dessa faixa etária.

“O que esses dados mostram é que a maioria da população afirma que brigar não vale a pena, que brigar é coisa de gente sem argumento. Nesse primeiro momento, todo mundo é de paz. Mas aí você entra no campo pessoal de que ‘eu sou de paz, mas eu não levo desaforo para casa’, ‘se eu for agredido, eu vou revidar’, afirma Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão.

“Os dados nos deram essa percepção de que as pessoas estão quase no limite. A pessoa sempre tem uma justificativa para sair da condição pacífica para a agressão. Todo mundo diz que briga por legítima defesa. Então, em teoria, a briga é de gente que não tem argumento para dialogar, mas a partir do momento que a pessoa se sente agredida, ela não quer dar a outra face. Ela quer revidar”.

O psicólogo Alexandre Coimbra ressalta também o fato das pessoas sempre justificarem a agressão.

“Os homens não se acham violentos, mas acham prudente e legítimo revidar se eles forem agredidos. Essa é a grande questão, porque é o conceito deles de ser agredido que é o grande problema”.

“São frases que começam com ‘mas você’. Então, por exemplo, uma mulher é estuprada e escuta de outro homem, às vezes até de uma força policial, por exemplo: ‘mas você também estava de minissaia’, ‘mas você também me provocou’, ‘eu te bati, mas você também me provocou.’ Então, o homem se coloca sempre como essa pessoa que está sendo provocada pelo outro e que não tem nada a fazer a não ser revidar. A deturpação é no conceito de provocação”.

A pesquisa aponta também que 17% dos entrevistados tiveram alguma briga séria de 2020 até 2022. Mais mulheres (20%) do que homens (14%) dizem ter se envolvido em pelo menos uma briga séria com outra pessoa, com agressões verbais ou físicas.

Adultos de 25 a 34 anos, os não heterossexuais, os moradores de capitais e os das grandes cidades se envolveram mais em brigas sérias, aponta o levantamento.

Parceiros

Outro dado do levantamento é que as mulheres relatam mais brigas com atuais ou ex-parceiros (52%), diferente dos homens que afirmaram brigar mais com familiares (32%).

Recortando-se por sexo e raça, nota-se que 41% das mulheres brancas e 60% das mulheres negras declararam haver brigado com atuais ou ex-parceiros, enquanto 11% dos homens brancos e 44% dos homens negros afirmaram haver brigado com atuais ou ex-parceiras.

“Esses dados nos mostram que a violência no âmbito doméstico é muito grande. As mulheres relatam mais frequente a violência do parceiro. Homens relatam mais briga com familiares (mãe, pai, sogro, sobrinho). Mas nos faz pensar se os homens não relataram brigas com parceiras por naturalizarem a violência”, diz Marisa.

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