Sexta-feira, 31 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 27 de julho de 2023
 
A confirmação do economista Marcio Pochmann para a presidência do IBGE repercutiu negativamente em setores liberais da economia. Ligado à ala mais à esquerda do PT, o atual presidente do Instituto Lula é um desenvolvimentista que defende aumento de gastos públicos e causa preocupação em relação à responsabilidade fiscal.
Para o economista Alexandre Schwartsman, a escolha é uma mostra de aparelhamento do Estado. “Pochmann é intelectualmente desonesto e tem interesse político que coloca à frente da análise econômica”, avalia o ex-diretor do Banco Central. “Passamos a desconfiar dos números de inflação, do PIB. Ele pode trocar o quadro técnico que faz esses cálculos.”
Para Mano Ferreira, um dos diretores do grupo Livres, uma associação civil que atua como um movimento político suprapartidário em defesa do liberalismo, a indicação de Pochmann ataca a credibilidade do IBGE. “Submete dados fundamentais para o planejamento de políticas públicas ao comando de um terraplanista econômico, capaz de ver no Pix o delírio de um processo neocolonial”, diz Ferreira.
Para o diretor do Livres, a escolha do novo presidente do IBGE ainda enfraquece a linha moderada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e corrói a autoridade da ministra do Planejamento, Simone Tebet. “Quebra-se a promessa de que a ministra teria autonomia na montagem da equipe”, destaca.
Em outras correntes econômicas, a hipótese de manipulações no IBGE é descartada. “Pochmann tem carreira acadêmica importante. Como escolha técnica, é excelente”, diz Carla Beni, professora da FGV.
Mais críticas
A economista Elena Landau, que foi responsável pelo programa econômico de Simone Tebet à Presidência nas últimas eleições, afirmou que “hoje (26) é um dia de luto para a estatística brasileira”. “Uma pessoa que não entende de estatística, não tem preparo para a presidência do IBGE e não tem nada a ver com a linha da equipe econômica do Ministério do Planejamento. É uma posição partidária pura e absoluta”, afirmou.
O economista Edmar Bacha, que presidiu o IBGE nos anos 80, também criticou a indicação. Ele afirmou se sentir “ofendido”. “Pochmann é um ideólogo. Tem uma visão totalmente ideológica da economia. E não terá problema de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia, como fez no Ipea. Estou ofendido como ex-presidente do IBGE.”