Domingo, 02 de Novembro de 2025

Home Colunistas A COP30 será palco de embates cruciais: entre o futuro sustentável e os interesses fósseis, a sociedade civil precisa estar mais presente do que nunca

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Enquanto Belém se prepara para sediar a COP30, cresce a tensão sobre a influência dos lobistas da indústria do petróleo nas negociações climáticas. Segundo levantamento recente, mais de 260 organizações ambientais exigem maior transparência e o veto à presença desses representantes, que historicamente atuam para frear avanços na transição energética. A pressão é legítima: os lobistas não fazem parte das delegações oficiais, mas circulam nos bastidores das COPs com o objetivo claro de proteger os interesses de empresas que lucram com a destruição ambiental.

A indústria do petróleo é poderosa, bem financiada e estrategicamente articulada. Seus lobistas são profissionais altamente capacitados, treinados para travar o progresso rumo à descarbonização. Um dos alvos preferenciais dessa ofensiva é o carro elétrico, constantemente atacado por campanhas que tentam desacreditá-lo. Alegações infundadas sobre a pegada ambiental das baterias ou a suposta inviabilidade econômica são amplamente disseminadas, muitas vezes por estudos financiados por grupos ligados ao petróleo.

Mas a verdade é que o carro elétrico representa um pilar fundamental da transição energética. Ele é mais eficiente, silencioso, e sobretudo, limpo. Ao contrário dos veículos a combustão, não despeja óleo nas vias, que com as chuvas escorre para os lençóis freáticos, contaminando solos e rios. Além disso, possui menos componentes mecânicos, o que reduz a necessidade de manutenção e o consumo de recursos naturais. É um caminho sem volta — não apenas por razões ambientais, mas porque é tecnologicamente superior.

A tentativa da indústria fóssil de desacreditar o carro elétrico é parte de uma estratégia maior: manter a inércia da opinião pública. Ao financiar estudos enviesados e campanhas de desinformação, essas empresas tentam criar dúvidas, atrasar decisões e perpetuar um modelo energético insustentável. É por isso que eventos como a COP precisam ser abertos, transparentes e participativos. Quanto mais espaço para ativistas, cientistas independentes e representantes da sociedade civil, maior a chance de equilibrar o jogo e garantir que as decisões reflitam o que é melhor para o planeta — e, por consequência, para o ser humano.

Porque o ser humano não é um ente separado da natureza. Somos parte de um circuito complexo e harmonioso de biodiversidade. Quando destruímos florestas, poluímos rios ou alteramos o clima, estamos comprometendo nossa própria sobrevivência. A justiça climática não é um conceito abstrato: ela significa proteger os mais vulneráveis, financiar adaptações em comunidades afetadas e preservar o que ainda resta dos ecossistemas.

A COP30 tem tudo para ser a mais participativa de todas. A escolha de Belém como sede é simbólica: está no coração da Amazônia, uma das regiões mais ameaçadas e ao mesmo tempo mais vitais para o equilíbrio climático global. A presença ativa da sociedade civil, de povos originários e de jovens engajados será essencial para inaugurar um novo momento nas convenções sobre o clima — um momento em que o cidadão não apenas observa, mas atua.

E que fique claro: não serão os lobistas da indústria do petróleo que irão estragar esse evento. Eles estarão sob os olhos atentos de quem acredita que ainda é possível reverter o aquecimento global. A COP30 será um marco — não apenas pelas decisões que serão tomadas, mas pela força de quem estará lá para garantir que essas decisões sejam justas, sustentáveis e verdadeiramente voltadas para o bem comum.

Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética

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