Segunda-feira, 07 de Julho de 2025

Home Brasil A crise com o governo em torno do IOF expôs estratégias diferentes dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado

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A crise com o governo em torno do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) expôs estratégias diferentes dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Enquanto o primeiro tomou a dianteira na derrubada do decreto do presidente Lula (PT), e se tornou alvo de ataques da esquerda, o senador optou por postura mais discreta, nos bastidores, e passou quase incólume.

A pressão maior nas redes sociais sobre o presidente da Câmara fez com que ele se queixasse ao Palácio do Planalto. Motta acabou defendido publicamente pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e pelo líder de Lula na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE), contra os “ataques pessoais”.

Aliados de Motta disseram à reportagem que o deputado ficou muito exposto nessa situação. Além de ter partido dele a decisão de pautar o projeto para sustar o aumento do IOF, o que pegou o governo e até a oposição de surpresa, o parlamentar gravou um vídeo específico para as redes sociais para defender sua posição.

Motta e Alcolumbre foram procurados via assessoria de imprensa e não responderam.

Dois interlocutores de Motta classificam até mesmo como um erro essa conduta e dizem que ele precisa compartilhar essa responsabilidade também com o Senado. Outros deputados se queixaram que a postura do presidente da Câmara fez com que os ataques fossem direcionados quase que exclusivamente à Casa e poupassem os senadores.

Essa percepção dos deputados é traduzida no volume de comentários nas redes sociais.

De acordo com a consultoria Bites, o deputado foi citado em 1,08 milhão de posts desde 17 de junho, um dia após a Câmara aprovar regime de urgência para o projeto que sustou o aumento do IOF. No mesmo período, Alcolumbre foi mencionado em 212 mil publicações.

As menções ao presidente da Câmara, em apenas 15 dias, representaram quase 30% de tudo o que foi falado sobre ele em todo o ano de 2025. E se intensificaram nesta semana, após um ataque coordenado da esquerda para levar à internet o discurso de que Lula estaria atuando em favor dos mais pobres, enquanto o Congresso defenderia os ricos.

Somente na quarta-feira (2), Motta foi citado em 169,6 mil postagens no X (ex-Twitter), em contas relevantes de Instagram, páginas abertas de Facebook, Reddit, fóruns, blogs e sites de notícias. Foram outras 205,5 mil menções na quinta, ainda segundo a Bites. O presidente da Câmara nunca tinha sido objeto de tanta atenção até então.

Antes, ele só tinha passado de 100 mil menções nas redes em um mesmo dia em 20 de março (115,9 mil), quando era alvo do campo oposto, cobrado pela oposição bolsonarista para pautar o projeto de lei que anistia os condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Essa pressão continuou em abril, mas sem ultrapassar a marca de 100 mil comentários.

Alcolumbre, por outro lado, gerou mais atenção em outros momentos do ano, como quando foi alvo de bolsonaristas por suposto favorecimento a um assessor em repasses de emendas.

O presidente do Senado também optou por fechar seu Instagram para comentários, após o volume de críticas crescer. Motta manteve seu perfil aberto e viu o número de comentários superar em três vezes o de curtidas.

Dois aliados de Motta minimizam os ataques nas redes. Eles dizem que, historicamente, o presidente da Câmara é mais atacado do que o do Senado e afirmam que o deputado nunca esteve tão forte politicamente. Segundo eles, o episódio do IOF deu um novo patamar à presidência de Motta e ajudou a nacionalizar sua imagem.

Um líder classifica como desproporcionais as críticas que o deputado têm recebido nas redes. Ele argumenta que até mesmo integrantes da base de Lula e de partidos de esquerda, como PDT e PSB, votaram a favor de derrubar o decreto mas não estão sendo criticados.

Outro aliado de Motta diz enxergar dedo do governo nas críticas ao Congresso feitas nas redes sociais e avalia que o discurso de “nós contra eles” pode tensionar ainda mais a relação com o Executivo, num momento em que o governo precisa aprovar matérias de seu interesse.

Interlocutores dos presidentes da Câmara e do Senado ressaltam que há uma sintonia entre os dois, que costumam viajar juntos e atuar alinhados, e negam qualquer ruído. O episódio evidenciaria a diferença de perfil de cada um deles.

Há também diferenças na relação com o governo. Integrantes do Executivo não negam desconforto com o deputado paraibano, sobretudo por ele não ter avisado ministros ou articuladores do governo no Congresso sobre sua decisão de levar a derrubada do IOF para a pauta de votações, na semana passada. O próprio presidente Lula classificou, nesta semana, a decisão como “absurda”, citando Motta. As informações são do portal Folha de São Paulo.

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