Sexta-feira, 16 de Maio de 2025

Home Brasil A mais que necessária CPI para investigar as bilionárias fraudes no INSS corre o risco de morrer antes mesmo de nascer

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Se for acionado o tradicional sistema de blindagem vigente em Brasília, que costuma unir políticos e partidos de diferentes lados em torno de interesses em comum e enterrar ideias que podem prejudicá-los, a mais que necessária CPI para investigar as bilionárias fraudes no INSS corre o risco de morrer antes mesmo de nascer. O motivo é prosaico: embora possa ser especialmente ruim para o governo do presidente Lula da Silva, uma CPI como essa pode eventualmente apontar malfeitos do governo anterior, de Jair Bolsonaro. Eis a senha para que a turma da contemporização passe a atuar, estancando a eventual instalação da comissão. Se isso acontecer, ficará claro o que todos já intuem: que nem governo nem oposição estão preocupados com os aposentados lesados. O único cálculo, de parte a parte, é de perdas e ganhos eleitorais.

Logo após ser deflagrada a operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) para investigar as fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões, a oposição não teve dificuldades para conseguir as 171 assinaturas necessárias e protocolar um requerimento com vistas a criar a CPI, enquanto o governo, atordoado e perdido, patinava entre a incompetência para gerir a crise e a habitual procrastinação do presidente Lula da Silva – que, torcendo para que o caso esfriasse por conta própria, demorou tanto a demitir Carlos Lupi do Ministério da Previdência quanto a definir quando e como ressarcirá às vítimas os recursos descontados irregularmente ao longo dos últimos anos.

No entanto, em pouco tempo ficou claro que os malfeitos, a letargia e a omissão no caso da roubalheira do INSS transcende governos. Tudo começou em 2016, no governo de Michel Temer, mas foi em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, que disparou o número de reclamações de beneficiários sobre os descontos aplicados, embora pese contra o governo Lula a demora em agir, a despeito dos alertas feitos ainda em 2023. Segundo as investigações, as entidades associativas receberam quase R$ 8 bilhões entre 2016 e 2024, dos quais R$ 2,8 bilhões apenas no ano passado. A maioria dos beneficiários não havia autorizado a cobrança ou acreditava que seu pagamento fosse obrigatório.

Os problemas compartilhados entre o atual governo e o anterior justificaram, por exemplo, o esforço do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) ao publicar em suas redes sociais um vídeo em que discorre sobre o escândalo. Nele, o parlamentar não só acusa o atual governo, como seria de esperar, como tenta defender Bolsonaro e desvencilhar o aliado do caso. Diante da viralização do vídeo, que repetiu a estética e o sucesso nas redes sociais de outro publicado em janeiro, quando o deputado criticou uma suposta taxação do Pix e ajudou a gerar uma crise de imagem do governo lulopetista, os exegetas do Palácio do Planalto se apressaram em respondê-lo, transferindo para Bolsonaro a responsabilidade pelo escândalo.

Entre o sujo e o mal-lavado, os diques de contenção da CPI começaram a ser construídos. Não à toa, a oposição insiste na instalação da comissão com o foco contra o governo Lula, enquanto há governistas ameaçando mirar na gestão de Bolsonaro. Quem conhece os ingredientes que moldam o apetite ou o fastio por investigações em Brasília sabe que há uma forma implacável de neutralizar uma CPI: mostrar que, quando dois lados têm a perder, o mais seguro é não brigar. Sobretudo quando se sabe também que o Congresso teve responsabilidade pela demora na aprovação de uma proposta para garantir a exigência de controle nos descontos.

Este jornal reafirma que o tamanho da rapina e a dificuldade do governo em oferecer respostas com prazo e intensidade adequados justificam a instalação da CPI. A apuração deve ser rigorosa e ir além deste governo, posto que 6 milhões de beneficiários foram prejudicados ao longo dos anos. Há muitas perguntas ainda sem resposta sobre o esquema e uma CPI pode ajudar a iluminá-las. Razões suficientes também para exigir neste momento uma pressão dos brasileiros para evitar que a operação abafa seja bem-sucedida. As informações são do portal Estadão.

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