Terça-feira, 11 de Novembro de 2025

Home Carlos Roberto Schwartsmann A medicina e o comprometimento

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A aula prática de ortopedia se inicia pontualmente às 8h da manhã. A pontualidade também é histórica em nossas reuniões científicas!

Recentemente, às 8 horas, ao iniciar a aula para os alunos do 4º ano, somente três estavam presentes! No total, deveriam ser dez! À medida que a aula evoluía e o tempo transcorria, chegaram mais cinco atrasados. O último a chegar abriu a porta às 8h30.

Evidentemente, cada nova entrada no recinto prejudica o raciocínio de todos em relação à evolução da história e do exame clínico que estava sendo realizado com o paciente.

Aturdido, decepcionado, desapontado e triste, demonstrei minha insatisfação comentando: “Aqui na Ortopedia, vocês não precisam nem saber o que é uma fratura ou até mesmo o nome dos ossos, mas, se vocês entenderem o que é horário, nós já estamos satisfeitos.”

Essa indignação não é só em relação à pontualidade, mas também aos princípios básicos que norteiam nossos valores por toda a vida.

Hoje, existem falhas marcantes na formação e na apresentação dos novos acadêmicos de medicina (estão usando até chinelos de dedo). Não sabem mais o significado de “Sr.” ou “Sra.”, “por favor”, “muito obrigado”.

Mas o mais marcante e imperdoável é a desatenção pelo aprendizado que está sendo desenvolvido e apresentado.

Frequentemente, tenho que solicitar que desliguem o celular, que geralmente está parcialmente escondido. Argumento que é uma perda de foco e uma desconsideração ao professor que está ministrando a aula. É uma falta de educação. É uma falta com seu próprio ego, pois o fato de estar ali sentado é para receber outro tipo de informação – não aquela que vem do celular.

Essa sensação de desinteresse é compartilhada também por outros professores de medicina. Essa relação de não comprometimento mina o processo ensino-aprendizado de transmissão de novos conhecimentos.

Existem várias causas do desinteresse dos novos alunos. Não é só na medicina!

Existe frustração com os diversos cursos pela falta e desqualificação dos professores. Há desorganização dos estágios universitários. Individualmente, podemos incluir a falta de vocação e orientação. Também são importantes, na desmotivação, os conflitos familiares, financeiros e existenciais.

Na medicina, a ausência ou perda de uma atividade pode promover uma lacuna importante na formação do jovem médico. Isso pode, no futuro, ser determinante nas decisões que envolvem até a vida e a morte.

A maioria dos grandes truques e dicas na medicina não está nos livros. Está guardada sob o jaleco branco dos experientes professores – isto é, um teste, uma manobra, uma punção, uma sutura, uma massagem cardíaca, uma intubação, um parto.

Para ser um grande médico, primeiro é necessário ser um bom aluno. Não é tolerável que alunos faltem às aulas. Tampouco que cheguem atrasados! Para ser um bom médico, é necessário compromisso consigo próprio!

É necessária concentração total e foco nos estudos, que podem se estender por longas horas do dia.

Medicina é sinônimo de comprometimento.

Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor universitário

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