Sábado, 27 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 27 de setembro de 2025
A mente humana é como um vasto oceano: profundo, misterioso e, em grande
parte, ainda inexplorado. Navegamos nele diariamente sem nos dar conta de que utilizamos apenas uma pequena fração de seu potencial. Há quem diga 11%.
Número discutível, sem base científica sólida, mas que serve de metáfora para
lembrar o quanto ainda podemos expandir nossos horizontes.
Ao longo do tempo, fomos tentando medir essa imensidão. O QI (Quociente de
Inteligência) surgiu no início do século XX como régua para avaliar o raciocínio lógico. Depois, descobrimos que só a lógica não basta: o QE (Quociente Emocional) — nossa capacidade de compreender e controlar emoções — revelou-se fundamental para o sucesso e para a convivência. E, mais recentemente, entramos em um novo território: o QS (Quociente Espiritual). Ele nos convida a dar sentido à vida, a buscar propósito, a enxergar além da matéria.
A pesquisadora Dana Zohar definiu o QS como a habilidade de colocar atos e experiências num contexto maior, emoldurando-os com valores e significado. É o que nos liga ao intangível, ao que alguns chamam de “ponto de Deus”. Não basta ser inteligente nem apenas emocionalmente equilibrado. É preciso também estar alinhado com algo maior, com um propósito.
O exercício da mente
Como, então, ampliar nossas sinapses, essas pontes invisíveis que permitem ao cérebro se reinventar? O segredo não está apenas nos livros ou nas horas de
estudo. A vida é o maior laboratório.
Dançar, por exemplo, é um exercício para o corpo, mas também para a mente: a música aciona memórias, coordena movimentos, desperta emoções. Aprender uma nova língua cria caminhos inéditos no cérebro, como se abríssemos novas estradas em territórios antes desertos. Até mesmo esportes radicais — como andar de moto, com o vento no rosto e o coração acelerado — estimulam a produção de adrenalina e endorfina, substâncias que ampliam a sensação de vitalidade e desafiam a mente a se adaptar ao inesperado.
São nessas experiências que multiplicamos nossas conexões neurais. Cada nova vivência é uma faísca. E cada faísca ilumina um pouco mais do oceano escuro da mente.
Experiência pessoal
Ao longo da vida, observei pessoas brilhantes, felizes, realizadas. Vi também
outras, mergulhadas na tristeza e na frustração. E percebi um traço comum: os
primeiros não se conformavam em viver na chamada “zona de conforto”.
Buscavam sempre o novo. Estudavam, viajavam, cuidavam do corpo, cultivavam amizades, amavam com intensidade. Produziam hormônios naturais de felicidade — serotonina, dopamina, ocitocina — não em comprimidos, mas em experiências reais. Eram carismáticos, organizados, curiosos, capazes de transformar adversidades em oportunidades.
Já os segundos, muitas vezes, estacionaram. Repetiam rotinas, fechavam-se em si mesmos, evitavam desafios. A mente, como músculo não exercitado, atrofiava. E a vida, sem brilho, perdia o sentido.
O convite à transformação
O cérebro humano tem 90 bilhões de neurônios, capazes de formar até um
quadrilhão de conexões. Somos, portanto, máquinas de infinitas possibilidades. Mas de nada adianta ter um motor potente se permanecermos
com o carro parado na garagem.
A chave está em cultivar hábitos que estimulem o desenvolvimento mental e
espiritual:
• Exercícios físicos que oxigenam o cérebro;
• Novos aprendizados que desafiem a memória;
• O descanso equilibrado, tão essencial quanto o esforço;
• A música e a arte, que despertam áreas profundas da consciência;
• E, sobretudo, o amor. Ele é a energia que mais expande a mente e o
espírito.
Tudo isso não apenas para sermos mais inteligentes ou produtivos, mas para
alcançarmos o verdadeiro objetivo: a felicidade. Não aquela felicidade
superficial de um instante, mas a que se transforma em estado de espírito, capaz de se espargir e contagiar outros seres.
Conclusão
Somos, cada um de nós, sementes divinas. O desenvolvimento da mente é a
água e a luz que permitem à semente germinar. E quanto mais cultivamos nossa inteligência espiritual, mais irradiamos sabedoria, compaixão e alegria.
William Shakespeare dizia: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode
supor nossa vã filosofia.” Pois é na mente — esse oceano inexplorado — que
guardamos a bússola capaz de nos conduzir à plenitude. Cabe a nós escolher
navegar, arriscar e descobrir.
Porque, no fim, exercitar a mente é aprender a ser feliz.
* Alexandre Teixeira G. de Castilhos Rodrigues, advogado e escritor
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