Segunda-feira, 14 de Julho de 2025

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A um ano e três meses das eleições de 2026, o governo Lula vai mudar o slogan, na tentativa de mostrar que sua identidade não pode ser confundida com a do Centrão. O mote “União e Reconstrução” será substituído pela ideia de que o terceiro mandato do presidente tem lado. A estratégia para recuperar a popularidade é focar a propaganda oficial no convencimento de que o governo pretende combater privilégios para que mais gente prospere na vida. Mas o governo não quer ficar na toada “ricos contra pobres”.

O plano é bater na tecla de que programas lançados recentemente, como o que prevê linhas de crédito mais baratas para a reforma de casas, não foram feitos apenas para os mais pobres e também beneficiam a classe média.

O Palácio do Planalto encomendou pesquisas qualitativas, que medem as percepções dos eleitores, para definir o novo slogan. Já se sabe que o lema vai misturar os conceitos de trabalho, justiça social e enfrentamento dos privilégios com a defesa do Brasil. O toque nacionalista ganhou força após a ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o País.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, tem conversado com os colegas sobre a nova linha, que recebeu sinal verde de Lula. Nos bastidores, auxiliares do presidente dizem que um governo de coalizão onde cada um puxa para um lado acaba sem identidade. Hoje, todas as iniciativas de ministros têm de passar pelo crivo da Secom.

Levantamentos em poder do Planalto revelam que eleitores estão desencantados porque esperavam mais de Lula do que a reedição de programas como o Farmácia Popular. No diagnóstico dos entrevistados, essas ações já “fazem parte da paisagem” e é preciso ir além.

A troca do slogan “União e Reconstrução” por um mote que indique o rumo da segunda metade do governo e aponte para 2026, quando Lula pretende disputar novo mandato, já vinha sendo planejada. Foi acelerada após a crise entre o governo e o Congresso por causa do decreto que prevê o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Partidos que ocupam 14 ministérios e não pretendem apoiar o PT nas eleições de 2026 – a maioria deles do Centrão – ajudaram a derrubar o decreto de Lula, que, por sua vez, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alega que os R$ 10 bilhões previstos com as mudanças no IOF são necessários para fechar as contas públicas.

Uma audiência de conciliação entre as partes foi marcada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes para a próxima terça-feira. O imbróglio estremeceu a relação entre Lula e a cúpula do Congresso, principalmente com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Nessa queda de braço, uma campanha do PT nas redes sociais martelou que Lula quer cobrar mais tributos do “andar de cima”, chamado agora de BBB (bilionários, bancos e bets), para levar adiante a proposta de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Monitoramentos indicam que a tática foi bem-sucedida.

Na quarta-feira, após Trump anunciar a taxação de 50% sobre produtos brasileiros e justificar a medida sob a alegação de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe não deveria ocorrer, Lula voltou a usar o boné com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”.

Sidônio completa nesta segunda-feira seis meses à frente da Secom. Neste período, enfrentou muitas crises, atuou como bombeiro, mas também comprou muitas brigas, até com Haddad. O chefe da equipe econômica não queria revogar a norma da Receita que ampliava a fiscalização de transações financeiras, incluindo o Pix.

À época, um único vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), com informações distorcidas sobre a operação, ultrapassou 200 milhões de visualizações. Haddad resistiu muito antes de recuar, mas acabou vencido. “Eu vim aqui para fazer um doutorado. Estou ministro e amanhã posso não estar”, disse Sidônio ao Estadão. “Não tenho interesse político.”

Em janeiro, quando assumiu a Secom no lugar de Paulo Pimenta (PT) – que foi demitido por Lula e voltou para a Câmara –, o marqueteiro prometeu recuperar a aprovação de Lula e do governo em três meses. Não foi o que ocorreu.

Até agora, o chefe da Secom não conseguiu fazer com que Lula resgatasse a popularidade. Pior: o presidente perdeu apoio no Nordeste, região que sempre foi reduto eleitoral do PT, e entre os mais pobres. Pesquisas em poder do Planalto indicam que Lula começou a se levantar, mas ainda de forma lenta. As sondagens também revelaram que ele precisa falar mais com a população.

Lula não quer dar tantas entrevistas, mas Sidônio insiste. “Sou uma pessoa determinada”, afirmou o ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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