Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de setembro de 2025
Nas próximas colunas, vamos explicar o funcionamento da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Criamos este espaço para que os leitores de O SUL obtenham informações e esclarecimentos sobre este importante evento anual, que pela primeira vez terá sede no Brasil.
Os pilares foram apresentados pelo Comitê Organizador, cuja presidência está a cargo do embaixador André do Lago. A estruturação desses pilares visa elevar o Brasil ao status de articulador global no enfrentamento à crise climática. São eles:
1. Cúpula de Líderes: liderança política para decisões ambiciosas
O Brasil propõe que a COP30 seja aberta com uma cúpula de chefes de Estado e de Governo, reunindo líderes mundiais em Belém já nos primeiros dias da conferência. A ideia é gerar impulso político logo no início, garantindo que os compromissos firmados ao longo do evento tenham respaldo no mais alto nível.
Essa cúpula também tem caráter simbólico: ao ocorrer na Amazônia, reforça o protagonismo da região no debate climático. O Brasil quer transformar a Amazônia de “vítima do desmatamento” em referência de soluções climáticas, entendendo que a presença dos líderes mundiais em Belém será essencial para esse reposicionamento.
2. Negociações: centralidade do multilateralismo e do Acordo de Paris
A segunda prioridade brasileira é garantir negociações climáticas eficazes e equilibradas, com foco em resultados concretos. O Brasil defende que a COP30 seja a conferência da “entrega”, já que marcará o prazo para que os países apresentem novas metas climáticas (NDCs), conforme o cronograma do Acordo de Paris.
O país atua para que as decisões envolvam financiamento climático, justiça social, tecnologia limpa e proteção da biodiversidade, cobrando também o cumprimento das promessas feitas por países desenvolvidos. O Brasil quer liderar pelo exemplo, mas exige reciprocidade.
3. Agenda de Ação: soluções concretas além dos acordos diplomáticos
O Brasil quer que a COP30 vá além dos textos negociados e avance em ações práticas, por meio da chamada “agenda de ação”. Isso inclui o lançamento de coalizões, parcerias público-privadas, programas de financiamento climático e soluções para cidades sustentáveis, transição energética e bioeconomia.
O país propõe que a COP30 seja um espaço para mostrar inovações amazônicas e soluções locais com impacto global. A ideia é dar visibilidade a iniciativas de comunidades, empresas e governos locais que já estão enfrentando os efeitos da crise climática.
4. Mobilização: engajamento da sociedade e comunicação acessível
Por fim, a mobilização é vista pelo Brasil como um pilar central para o sucesso da COP. O país quer uma COP “do povo”, com ampla participação da sociedade civil, povos indígenas, juventude, movimentos sociais, universidades e setor privado.
Para isso, estão sendo planejadas ações educativas, culturais e de engajamento dentro e fora das zonas oficiais da COP. A proposta é ampliar o acesso à informação e promover um sentimento coletivo de corresponsabilidade climática.
Com base nesses quatro pilares, os esforços do comitê organizador e da presidência da COP30, sob responsabilidade do governo brasileiro, poderão deixar um legado positivo — apesar da descrença de muitos brasileiros quanto ao real objetivo do evento. As tensões sociais criadas pela polarização política não pouparam a agenda climática e dificultam o entendimento dos mecanismos políticos e diplomáticos necessários para que as nações encontrem um caminho pragmático rumo a uma economia mais verde e a um planeta mais sustentável, garantindo um futuro melhor para as próximas gerações.
Nos próximos artigos, vamos atualizar com as últimas notícias sobre a organização e a mobilização. Traremos a agenda oficial de eventos e discutiremos cada um dos eixos temáticos que poderão se transformar em acordos entre as nações para a descarbonização do planeta.
Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética