Sexta-feira, 04 de Julho de 2025

Home Economia Abandonar a meta de déficit zero pode levar o Banco Central a reduzir o ritmo de cortes da Selic, alerta Armínio Fraga, um dos pais do Plano Real

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Na visão do ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeita o próprio passado na área fiscal ao diminuir a importância de zerar o déficit primário no ano que vem. Segundo Fraga — que declarou publicamente apoio a Lula nas últimas eleições — uma das consequências do aumento desse risco é o Banco Central diminuir o ritmo de cortes da taxa Selic (básica de juros), que vem sendo feito em meio ponto nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

“O Banco Central tem por prática, em cada reunião, reavaliar o cenário. Poderia cortar mais, poderia cortar menos. A probabilidade de o BC cortar menos a taxa Selic parecia ser próxima de zero. Agora, não dá para mais para dizer isso”, afirmou Fraga.

Essa mudança de postura, contudo, só aconteceria no ano que vem, e não na reunião desta quarta-feira (1º). A expectativa do próprio mercado financeiro é que a Selic seja reduzida de 12,75% para 12,25%. Segundo Fraga, Lula mudou de postura em relação à política fiscal depois que ganhou as eleições.

“Desde eleito, o presidente vem rejeitando o que foi o histórico dele. Ele fez questão de lembrar na campanha que não era para se preocupar com o compromisso fiscal, que ele teve superávit primário em todos os anos dos seus dois mandatos. Depois, apareceu com postura totalmente diferente, de conotação heterodoxa, e, no fundo, inconformado com a responsabilidade fiscal, como se isso fosse um atentado contra o povo, coisa que ele já devia saber que não é o caso”, afirmou Fraga.

Fraga pontua que o novo arcabouço fiscal já não estava “à altura” do desafio, por ter como ênfase o aumento de arrecadação, e não o corte de despesas. Agora, teme que as metas, que já eram modestas, na sua avaliação, sejam abandonadas.

“O arcabouço marcou uma mudança de direção, mas claramente não foi resposta à altura do desafio. Tenho me manifestado publicamente a favor, mas sempre registrando que era um bom início, bom princípio, mas que não iria resolver. De lá para cá ficou claro que o lado do gasto público (de contenção) nunca veio, talvez não houvesse essa intenção, e agora mesmo essas metas, que a meu ver são modestas, estão sendo, pelo visto, abandonadas”, afirmou.

Sobre a indicação dos dois novos diretores do Banco Central pelo governo, Paulo Pichetti, para a diretoria de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, ​e Rodrigo Teixeira, para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Fraga diz que ambos nomes foram bem recebidos.

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