Segunda-feira, 18 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de agosto de 2025
O açaí foi proibido de ser vendido nos restaurantes e quiosques durante a COP30, que ocorre em Belém em novembro. A restrição estava no edital da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) com as regras para a seleção de operadores, que citava “risco de contaminação por Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas)”. Uma nova versão do documento, porém, liberou o alimento.
Mas afinal, o açaí transmite a doença de Chagas?
O diagnóstico, também chamado de Tripanossomíase americana, é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que pode ser disseminado para humanos principalmente por meio do contato com fezes de triatomíneos infectados, insetos conhecidos como barbeiro, ou pela ingestão de alimentos contaminados.
A ingestão de sangue pelo barbeiro ao picar um humano estimula a defecação do inseto, por isso costuma-se dizer que a picada causa a doença. No entanto, essa via tem deixado de ser a principal forma de transmissão no Brasil, explicou o professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) Odilson Silvestre, que publicou um estudo sobre o tema em 2020.
“No passado era mais a picada do mosquito, agora é mais por ingestão de alimento contaminado, em especial, o açaí. Mas também, cana de açúcar, sucos e outros alimentos”, afirmou Silvestre em comunicado divulgado à época.
O pesquisador, junto com um grupo de cientistas de 11 instituições, entre universidades brasileiras e secretarias de Saúde, revisou 41 trabalhos conduzidos sobre o tema entre 1968 e 2018, que englobaram 2.470 casos de doença de Chagas e 97 óbitos.
A conclusão, publicada na revista científica Clinical Infectious Diseases, ligada à Universidade de Oxford, apontou que a maioria dos casos da doença de Chagas ocorrem na Amazônia, em especial no Pará, e que, de fato, o açaí era a principal causa dessa transmissão.
“Atualmente ainda temos isso (disseminação) presente, inclusive no Acre; mas o principal estado com a doença é o Pará. É importante que as pessoas entendam que o açaí pode conter sim o ‘Trypanosoma cruzi’, o protozoário que causa a doença. Há uma necessidade de o governo atuar nisso, treinando os vendedores de açaí para que eles façam o processamento adequado com um branqueamento”, defendeu Silvestre na época.
No processo de branqueamento, o fruto do açaí é aquecido a 80ºC durante 10 segundos. Em seguida, é resfriado antes de ser levado para os equipamentos que dão continuidade ao processamento. “Além de passar por outros produtos de higienização. Isso tira toda a contaminação e mata o ‘Trypanosoma cruzi’, tornando o açaí seguro para consumo”, explicou o professor.
Sobre a letalidade dos casos analisados, o grupo de pesquisadores estimou que a taxa é de 1,0%, sendo que ela diminuiu ao longo dos anos. Segundo informações do Ministério da Saúde, na fase aguda, os principais sintomas da doença de Chagas são:
Febre prolongada (mais de 7 dias);
Dor de cabeça;
Fraqueza intensa;
Inchaço no rosto e pernas.
No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local
Quando o paciente não recebe o tratamento adequado no momento agudo, a doença se desenvolve para a forma crônica. Nesses casos, o paciente pode desenvolver, mesmo depois de anos, problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca, e digestivos, como megacólon e megaesôfago.
O tratamento envolve o uso do remédio benznidazol, fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde no Brasil e deve ser realizado imediatamente nos pacientes diagnosticados na fase aguda da doença. Nos casos crônicos, a indicação do medicamento pode variar. Em alguns casos é necessária uma alternativa, chamada de nifurtimox, que também é ofertada pela pasta da Saúde. Com informações do portal O Globo.
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