Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

Home Economia Ações de commodities encerram o semestre no vermelho. Saiba se vale investir

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Vermelho como uma plantação de tomates: assim se encerrou junho para as principais ações do setor de commodities que compõem o Ibovespa – índice de referência da Bolsa brasileira, a B3. Embora as notícias vindas do exterior apontassem para um possível aumento no preço do petróleo e da demanda por minério de ferro, os papéis relacionados a essas matérias-primas não conseguiram eliminar as perdas mensais.

A Vale, empresa com maior participação no Ibovespa, fechou o mês em baixa de 11,09%. A Bradespar, que investe diretamente na mineradora, registrou queda similar, de 11,69% no período. A CSN Mineração despencou ainda mais, a 20,08% no mês.

A Petrobras tem a segunda fatia mais expressiva do Ibovespa, de quase 11,50%, somando as ações ordinárias (PETR3) – com direito a voto em assembleias – e as preferenciais (PETR4). Em junho, o papel PETR3 recuou 8,18%, enquanto o PETR4 caiu 7,09%. Também do setor petroleiro, a 3R Petroleum e a Petrorio mostraram resultados ainda piores, com quedas de 27,90% e 21,44%, respectivamente.

O mesmo aconteceu com outras companhias do mesmo segmento, como proteína animal e celulose, conforme levantamento elaborado por Einar Rivero, da plataforma Tc/economatica.

O cenário negativo do Ibovespa não se restringiu às commodities. Das 93 ações que compõem o índice, que terminou junho com 11,50% de baixa, só as de três empresas registraram alta no acumulado do mês: Eletrobras (ELET6: +12,18%; ELET3: +9,63%), Fleury (+7,38%) e Weg (+4,42%).

O professor Pierre Oberson de Souza, da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), explica que, embora tenham se valorizado em momentos similares, já que se beneficiam da alta do dólar ante o real, as commodities foram impactadas por fatores distintos. No caso do petróleo, o aumento de preço refletiu a expectativa de redução da oferta após notícias apontarem para a possibilidade de o G-7 lançar uma nova ofensiva contra a Rússia.

“No curto prazo, o maior veículo de impacto (para o petróleo) foi a Rússia”, observa Souza. “Quando um país tem a sua produção mais restrita e não está conseguindo colocar o petróleo no mercado, diminui a oferta (elevando o preço)”, completa.

Já o minério se valorizou com a expectativa de aumento de demanda após a China – principal parceiro do Brasil nesse mercado – anunciar alívio de restrições contra a covid.

O professor Pierre observa que, embora não haja consenso, a percepção é de que estariam em um fim de ciclo de alta gerado por fatores como a pandemia de covid e a guerra da Rússia na Ucrânia. Se confirmado o fim de ciclo, as cotações tenderão a cair. O que contribui para a possível desvalorização é a expectativa de recessão global, o que poderia gerar a queda na demanda por essas matérias-primas.

Momento

Matheus Jaconeli, analista da Nova Futura Investimentos, avalia que papéis como Vale, Petrobras e Petrorio são opções interessantes do ponto de vista de diversificação. “O momento atual é um ponto de entrada relevante, principalmente se olhar até o final deste ano no Brasil”, diz. “Existe um risco do lado político e fiscal, que pode gerar um pouco de impacto para ações cíclicas, mas as commodities ficam fora disso”, avalia.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, reconhece que as ações de commodities tiveram papel importante no primeiro semestre, mas na segunda metade do ano requerem cautela. “Comprar em um pico é mais arriscado. Existe uma grande chance de desaceleração nos EUA, com um crescimento próximo de zero. Na Europa também. Isso tende a prejudicar o preço de commodities e, portanto, as ações da Bolsa brasileira”, avalia. Mesmo que o anúncio de novos estímulos na China seja positivo para o minério de ferro, Gala vê a política de covid zero no gigante asiático como um risco permanente.

Embora concorde que o momento pareça indicar o pico de preço desses produtos, Renato Chanes, analista de investimentos da Ágora, avalia que o ciclo está entre o meio e o fim e, portanto, os papéis ainda oferecem oportunidade de entrada.

“O mercado parece precificar uma desaceleração muito forte dos preços das commodities, o que não está acontecendo. Concordamos que estes vão cair, até porque é um setor cíclico e as cadeias globais vão se normalizar, mas não será de imediato. Esse olhar é exageradamente pessimista”, diz.

Para o analista da Ágora, embora haja risco de recessão, ainda existem estímulos que vão demandar essas matérias-primas e deverão ficar em alta ainda no curto prazo.

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