Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

Home Brasil Advogada é presa 28 anos após o assassinato do ex-marido. Ela teria encomendado o crime por causa de um seguro de vida

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Durante quase 28 anos, a esteticista Tânia Maria Pinto Duarte, 57, rezava pedindo Justiça pela morte do irmão, Jorge Pinto Duarte, assassinado aos 32 anos com um tiro de curta distância, na cabeça, em um local conhecido como “Trevo de Itacuruçá”, no trecho da Rodovia Rio-Santos em Mangaratiba (RJ). O crime foi cometido em 14 de março de 1994.

Pois nesta quarta-feira, a ex-mulher de Jorge, a advogada Gily Cristina Zinovetz, de 48 anos, foi presa por policiais da 44ª DP (Inhaúma). Condenada pelo homicídio, Gily estava numa casa na Ilha da Gigoia, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense.

“Já agradeci tanto a Deus. Todos os dias rezei pedindo Justiça. Sabia que um dia Deus iria fazer com que ela pagasse pelo que fez, porque um cara novo, bonito e cheio de saúde morrer do jeito que morreu… Tomo remédio controlado até hoje, nunca mais tive paz, tenho síndrome do pânico”, emociona-se Tânia.

O casal tinha um filho de pouco mais de 1 ano na época do crime. Para Tania, um dos principais motivos para que o crime ocorresse, foi o fato de o irmão ter feito um seguro de vida em nome da criança, no valor de R$ 300 mil:

“Meu irmão, quando o filho nasceu, fez um seguro de vida em favor do meu sobrinho, caso ele morresse. Nem sei se o menino recebeu, porque meu irmão não morreu de morte natural. Depois ela arrumou esse amante, se envolveu, deve ter pensado no seguro de vida do garoto”.

Tânia conta que o casal se conheceu em Itaguaí, através de um amigo em comum, que era médico de Jorge e tio de Gily. A vítima trabalhava como fotógrafo e tinha um estúdio na Ilha Jaguanum, na região. Eles começaram a namorar e, logo depois, se casaram.

Da união, tiveram o menino. Mas o clima de romance durou pouco. Os dois passaram a se desentender e as brigas viraram uma constante. Tânia conta que Gilly se tornou uma pessoa agressiva.

Outro caso, antes do assassinato de Jorge, marcou a família. A esteticista relata que seu outro irmão, Edson Pinto Duarte, desapareceu cinco meses antes de Jorge ser executado. E a suspeita dela também recai sobre a ex-cunhada, Gily: “Edson foi assassinado e não achamos corpo dele até hoje.

Mesmo depois de se separarem, as desavenças entre Jorge e Gily não cessavam. Nem o fato de a vítima ter voltado para uma antiga namorada, fez com que ele se esquecesse da mãe do filho dele: “Um dia antes, ele me ligou e eu tive um calafrio. Falei para ele se cuidar, não brigar mais com ela. Mas eu tive um mau pressentimento”.

Além de Gily, foram condenados Cláudio Augusto da Conceição e Wagner André Luiz Lara Resende. Com este último, a advogada mantinha um romance. As investigações da polícia apontaram que foi Wagner quem disparou dois tiros na vítima, a curta distância, segundo os peritos na época.

Relato do MP

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP) do Rio, Gily e Jorge estavam separados, após uma relação conturbada. Ela engatou um novo relacionamento com Wagner Resende, porém o ex-marido ainda tinha esperanças de reatar a relação.

No dia 14 de março, segundo o processo, ela, Wagner e Cláudio alugaram um carro e montaram uma emboscada contra Jorge Duarte. Enquanto os dois homens ficaram escondidos na mata, Gily ficou na beira de uma estrada em Itacuruçá, à espera da vítima, que pilotava uma motocicleta.

Ao ver a ex-mulher, Jorge parou para conversar com ela, até ser surpreendido pelos dois cúmplices, que saíram do matagal. Wagner disparou duas vezes na cabeça do ex-marido de Gily. O corpo dele ficou ao longo da via e os três fugiram.

Na época do crime, o casal já tinha um filho. Segundo o depoimento de Cláudio, o único a confessar participação no assassinato, Gily alegou que o ex-marido lhe deu uma surra e havia ameaçado ela e o namorado de morte. Da conversa, surgiu o plano de executarem Jorge na emboscada.

Gily e Wagner teriam combinado de fugir para Minas Gerais após o crime. Ele lembrou ainda que Wagner disparou na cabeça de Jorge, a cerca de dois metros da vítima. A arma usada, segundo ele, foi um revólver calibre 38.

Em 8 de abril de 2016, Gily foi condenada pelo Tribunal do Júri de Mangaratiba. Seu advogado recorreu e, em 18 de dezembro de 2019, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio manteve a sentença.

O prazo de prescrição é de 20 anos, mas o Direito Penal prevê vários marcos interruptivos. Ao longo do processo, houve várias interrupções por causa de recursos e de trâmites jurídicos previstos em lei.

A advogada Ellen Medas da Rocha, que defende Gily, disse que o processo foi longo e que sua cliente sempre se apresentou à Justiça quando solicitada.

“Os fatos ocorreram em 1994 e em nenhum momento ela ficou foragida. O processo durou esse tempo, inclusive, pela desídia do Judiciário. Ela respondeu a todo o processo em liberdade e colaborou com todas as fases processuais. Teve ainda uma absolvição anulada”, comentou a advogada, que entrou com um novo pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em favor de Gily.

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