Sábado, 15 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de novembro de 2025
O advogado Eric Fidelis foi informado sobre a prisão de seu pai, o ex-diretor de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) André Fidelis, enquanto prestava depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, na manhã da última quinta-feira (13). A comunicação ocorreu durante a sessão e foi feita pelo relator do colegiado, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que interrompeu a oitiva para relatar a operação policial em andamento. A prisão foi efetuada pela Polícia Federal (PF) como parte dos desdobramentos da nova fase da Operação Sem Desconto, investigação que apura um esquema de desvios e irregularidades envolvendo benefícios previdenciários.
Gaspar comunicou o fato diretamente ao advogado. “Depoente, eu quero lamentar e lhe informar; o seu pai acaba de ser preso. Nós o convidamos e o convocamos aqui duas vezes. O senhor André Fidelis mandou atestado dizendo que estava internado e fugiu desta CPMI. Se ele tivesse vindo prestar esclarecimento, talvez não fosse preso, mas hoje foi preso. E isso, para ele, significa, senhor Eric Fidelis, que a jornada de cadeia vai ser muito longa”, declarou o relator, enfatizando que a ausência de André nas sessões anteriores havia sido interpretada como tentativa de evitar esclarecimentos.
O deputado prosseguiu afirmando que a colaboração de Eric poderia auxiliar o andamento das investigações. “O que pode interromper esse percurso e contar com a ajuda da CPMI é a sua ajuda, como depoente, esclarecendo os fatos. O senhor André Fidelis está hoje na cadeia, porque muito do que foi imputado a ele passa pelo senhor”, acrescentou Gaspar, sugerindo que parte das suspeitas teria relação direta com movimentações atribuídas ao advogado.
A convocação de Eric Fidelis ocorreu após informações da PF indicarem que ele teria recebido R$ 5,1 milhões provenientes de pessoas identificadas como possíveis intermediárias do esquema de descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas. Além disso, segundo a investigação, o advogado teria movimentado R$ 10,4 milhões entre 2023 e 2024. Para o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), o montante pode ser “considerado incompatível com a atividade advocatícia comum e pode configurar ocultação ou dissimulação da origem ilícita dos recursos”, caso as irregularidades sejam confirmadas.
Na quinta-feira, a PF cumpriu 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares distribuídas por 15 Estados, no âmbito da Operação Sem Desconto. A ação também resultou na prisão preventiva do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A defesa dele afirmou que a detenção é ilegal e que buscará reverter a decisão judicial. (Com informações do Valor Econômico)