Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de agosto de 2025
Há uma verdade antiga que nunca perde o frescor: onde houver injustiça a ser combatida, haverá sempre uma causa digna de ser advogada.
Três décadas e meia de caminhada por esse vasto território chamado Direito ensinaram-me que a advocacia não é apenas profissão — é cidadania em estado puro. No campo pacífico das conciliações ou na arena acesa dos litígios, o advogado é aquele que carrega, como espada e escudo, a palavra e o argumento. É quem constrói pontes sobre rios de conflito e abre janelas de esperança em paredes de desespero.
A Constituição Federal, em seu artigo 133, é solene: “O advogado é indispensável à administração da justiça.” Não é elogio; é reconhecimento. O advogado é múnus público — raiz e seiva que nutrem o direito de defesa e garantem que o processo não seja apenas rito, mas caminho para a verdade. E, porque sua missão é de combate e construção, a Carta Magna o protege com a inviolabilidade no exercício profissional.
Rui Barbosa, advogado, maçom e orador capaz de incendiar corações e desarmar preconceitos, é exemplo maior. Desde 1870, quando se formou, até 1923, ano de sua morte, viveu como sentinela da liberdade. Lutou contra o racismo, combateu a pena de morte e, na Conferência da Paz de Haia, em 1907, alçou voo como “A Águia de Haia”. Naquele púlpito internacional, proclamou que a justiça não deve se curvar às potências, mas erguer-se para igualar as nações. Definiu a advocacia como “a função mais nobre de todas, porque é a defesa da liberdade, da honra e da vida.”
Outro farol da profissão é o uruguaio Juan Couture, que, em dez mandamentos, construiu um código ético-poético para a advocacia. Nele, lembra que o Direito é rio em constante curso: quem não estuda todos os dias, seca. Ensinou a pensar antes de falar, a trabalhar antes de colher, a lutar pelo direito — e, quando este ferir a justiça, que se lute pela justiça antes do direito.
Couture aconselha lealdade: com o cliente, com o adversário, com o juiz e com o próprio Direito. Prega paciência, porque o tempo corrige o que a pressa estraga. Ensina fé no Direito como pacto de convivência; fé na Justiça como destino natural do Direito; e fé na Paz como fruto maduro da Justiça.
Mas deixa um alerta: a advocacia é uma “luta de paixões”, mas sem rancores. Guardar mágoas contra clientes, colegas ou magistrados corrói não só a saúde emocional como a própria carreira. Acima de tudo, é preciso amar a profissão — e com tal orgulho que, se um filho pedir conselho, seja motivo de honra indicá-lo ao caminho do Direito.
Porque o advogado, ao vestir sua toga, não apenas cobre os ombros: veste a alma da Justiça. E deve lembrar, sempre, que o Direito sem advocacia é corpo sem alma; e a lei, sem quem a defenda, é promessa sem cumprimento.
(Alexandre Teixeira G. de Castilhos Rodrigues, advogado, escritor e ex-conselheiro estadual da OAB/RS – triênio 2004-2006)
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