Sábado, 20 de Abril de 2024

Home Tito Guarniere Aguentando o rojão

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Em outros tempos, a coluna usava o espaço para falar do que poderia ser um ano venturoso. Desisti depois de verificar na prática que, ao menos pelos lados do nosso país, tudo o que ruim, podia ficar ainda pior. Foi o que aconteceu e vem acontecendo, ano após ano. E olhem que eu sou um otimista incorrigível.

Eu sempre soube, por exemplo, que o governo de Jair Bolsonaro seria ruim. Errei feio. É mais que ruim – o que todos os governos costumam ser –, horroroso. O governo, o presidente, se completam em harmonia, e daí resulta uma máquina azeitada de declarações cretinas, teorias conspiratórias, práticas nefandas, insânias de toda a ordem, tramoias, cambalachos políticos, vastas incompetências – como na frase conhecida, se cobrir de lona vira circo, se cercar e fechar a porta vira hospício.

Ao observador normal – e aviso desde logo que não considero bolsonaristas pessoas normais – a Covid foi uma tragédia sem precedentes, mais de 620 mil brasileiros mortos. A pandemia está em declínio, e todos ficamos felizes por isso. Mas é sombrio e assustador que o governo, a estas alturas, parece inconformado com a doença sob um certo controle.

Assim, o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, proibiu a exigência de vacinação contra a Covid nas instituições superiores de ensino; o ministro da Saúde, que alguns chamam de Queiroga, mas parece que é mais adequado chamá-lo de Quedroga, pretende exigir prescrição médica e autorização da família para vacinar 20 milhões de crianças de 5 a 11 anos contra a doença; e bolsonaristas, estes que, como no filme em cartaz, não olham para cima, nem para o lado, talvez só para baixo, como as toupeiras, estão em campanha aberta para que as crianças voltem à escola, mas sem máscara.

O presidente, de sua vez, está empenhadíssimo em gozar plenamente das suas “férias”. Como ele disse de outra feita, para responder a uma pergunta incômoda: “Não vim para me aborrecer”. Assim, ele faz, com a filha Laura (que ele declarou que não vai vacinar) na garupa, circunvoluções no mar azul de Santa Catarina, com um super jet ski. Os fãs – que insisto dizer, não são cidadãos normais – se aproximam dele, aplaudem e o chamam de “Mito”.

Em outra parte do Brasil, os nossos concidadãos baianos amargam a experiência de enxurradas sem fim, que derrubam prédios inteiros, destroem bens, deixam mulheres e crianças em desabrigo. Eles, essas vítimas da desgraça, não merecem a consideração de uma visita do primeiro mandatário da nação, uma visita consoladora, que demonstre empatia, solidariedade, como fazem todos os estadistas do diante de calamidades.

Bolsonaro quer se divertir. No dia 30 de dezembro foi até o parque de diversões Beto Carrero, em Santa Catarina, para assistir, faceiro, um show de derrapagens de caminhões. Por que ir até o Sul se em matéria de derrapagens o governo dele é imbatível?

A deputada Bia Kicis, uma espécie abominosa, dessas que só o bolsonarismo seria capaz de engendrar, defende o chefe: “O presidente precisa descansar para aguentar o rojão”. E o que fazemos nós, deputada, para aguentar o rojão desse governo?

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