Sábado, 27 de Julho de 2024

Home em foco Aliados de Lula avaliam que uso de jatinho trouxe desgaste ao petista

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Aliados próximos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lamentaram que a passagem do presidente eleito pela Conferência do Clima (COP 27), no Egito, uma agenda que deveria ter sido exclusivamente positiva, tenha sido arranhada pela viagem em um jatinho do empresário José Seripieri Filho.

Esses interlocutores afirmam que é inegável que a repercussão foi péssima e trouxe um desgaste à imagem do Lula em um momento em que ele ainda deveria estar colhendo os louros de sua recente eleição. Mas ponderam que, naquele momento, a equação para a ida ao Egito era complexa e essa foi a solução que apareceu.

Lula viajou ao Egito a bordo de um avião do empresário, fundador da Qualicorp e dono da Qsaúde. A aeronave do modelo Gulfstream tem capacidade para transportar 12 pessoas e autonomia para voar direto ao país africano, que atualmente sedia a COP27. Lula e Seripieri são amigos há cerca de dez anos. Durante a campanha eleitoral deste ano, o empresário foi um dos primeiros com quem o petista concordou em se reunir para tratar de suas propostas de governo.

Em meio à polêmica, aliados do presidente eleito afirmam que ele sabia que a carona traria um custo político. Mas, por uma alegada necessidade, dizem, optou pela viagem a bordo do avião do empresário.

Não há previsão orçamentária para custear o transporte de um presidente eleito durante a transição. Como o período eleitoral acabou, também não existe a hipótese de se recorrer ao fundo eleitoral reservado às campanhas. O PT não teria, por sua vez, recursos para financiar esta e outras viagens que estariam programadas para acontecer antes da posse, como aos EUA.

Uma alternativa seria pedir que o governo Bolsonaro cedesse uma aeronave, o que foi rechaçado até por questões de segurança. Ainda segundo aliados, outras hipóteses foram postas à mesa durante reuniões preparatórias da viagem.

A opção por um voo comercial foi descartada pela impossibilidade de Lula transitar em um aeroporto e até mesmo dentro do avião sem que houvesse tumulto, especialmente em um momento em que inflamados apoiadores de Bolsonaro se recusam a admitir o resultado das eleições.

Ao ser quetionado sobre o tema, um dos coordenadores da transição, o senador eleito Wellington DiasDurante defendeu a carona e disse que não há regra que proíba Lula de aceitá-la.

“Ele [Lula] ainda não é presidente da República, ele não utiliza-se de voos do governo. Hoje ele é uma pessoa física —eleita presidente, mas uma pessoa física. Por conta disso, não tem qualquer regra que o impeça de pegar carona. Seja de São Paulo para Teresina (PI), seja de São Paulo para o Egito”, declarou o ex-governador.

Segundo Dias, o PT não tinha recursos para bancar o fretamento da aeronave. “Foi de carona, gente… Onde está o crime?”

João Amôedo, um dos fundadores do Novo e que foi suspenso pela legenda após declarar voto em Lula no segundo turno das eleições, também criticou o petista. “A viagem de Lula no jato de empresário —condenado ou não— é um absurdo. Aqueles que admiram o presidente eleito, e têm esperanças de que ele faça um bom governo, deveriam criticar os seus erros e não ignorá-los”, escreveu nas redes.

O influenciador William De Lucca, com mais de 280 mil seguidores, disse que Bolsonaro deveria emprestar uma aeronave a Lula. “Era só o presidente em exercício ter oferecido um avião da FAB pro Lula, visto que o Bolsonaro não tem usado nenhum deles pra trabalhar.”

Bolsonaro recusou convite para participar da Conferência do Clima deste ano, que congrega líderes mundiais e delegações de vários países para discutir as medidas internacionais para mitigar as ações da mudança climática.

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