Sexta-feira, 04 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de julho de 2025
Com a pressão crescente da oposição sobre os custos de suas viagens internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu se hospedar na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, na Argentina, durante a cúpula do Mercosul, que será realizada nesta semana. Em sua primeira visita oficial ao país vizinho, em janeiro de 2023, Lula optou por ficar instalado no tradicional e luxuoso Alvear Palace Hotel, onde a diária da suíte presidencial girava em torno de R$ 14,9 mil na cotação da época. A escolha gerou desgaste político e abriu espaço para críticas sobre supostos excessos na política externa.
A decisão de abrir mão de acomodações de luxo e utilizar as instalações diplomáticas brasileiras foi confirmada pelo governo. O Palácio do Planalto afirma que a embaixada possui estrutura adequada para receber o presidente e sua comitiva, garantindo segurança e privacidade. Aliados de Lula afirmam que a decisão faz com que o governo fique fora de polêmicas que desviem o foco das discussões econômicas e estratégicas do bloco, como as negociações com a União Europeia.
Apesar do gesto, esses auxiliares negam que essa uma tentativa de sinalizar austeridade e responder às acusações de gastos excessivos com hotéis e deslocamentos em agendas fora do país.
A embaixada é localizada em uma região nobre da capital argentina, conta com uma residência oficial ampla, equipe permanente e protocolos de segurança já integrados à rotina diplomática.
Desde o início de seu terceiro mandato, os custos das viagens presidenciais têm sido motivo de debate. Lula está na Argentina para assumir a presidência do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. O presidente fica na Argentina apenas até quinta-feira. Na parte da noite, deve viajar para o Rio de Janeiro, onde já tem agenda na manhã de sexta-feira.
A postura adotada pelo Planalto ocorre em meio a um contexto de desgaste nas relações com o Congresso Nacional, baixa aprovação popular e crescente cobrança por medidas mais eficazes de gestão fiscal.
Acordo
Lula afirmou que vai assinar o maior acordo da história entre o Mercosul e a União Europeia.
“Eu assinarei o acordo Mercosul – União Europeia nesse meu mandato de Presidência do Mercosul. Vai ser o maior acordo comercial da história. São 722 milhões de habitantes nos dois blocos e um PIB de 27 trilhões de dólares”, disse o presidente Lula.
Criado em 1991, o Mercosul reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e a Bolívia. Já a União Europeia é composta por por 27 países como a Alemanha, Bélgica, Croácia, Espanha, França, Itália, Portugal, entre outros.
Esta é a primeira viagem do petista à Argentina desde que Javier Milei assumiu a presidência do país. Opositor declarado de Lula, Milei é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e fez diversas críticas ao presidente brasileiro durante a campanha presidencial de 2023.
Negociado desde 1999, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia foi concluído 20 anos depois, em 2019 e passou à fase de revisão. Essa etapa só foi concluída em 2024, durante a cúpula do bloco no Uruguai.
Agora, na parte europeia, ainda falta a ratificação no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu. Enquanto países como a Espanha se dizem favoráveis ao acordo, há também quem se coloque de forma contrária, a exemplo da França e outras nações mais protecionistas.
Como o Brasil assume a presidência do Mercosul, o presidente Lula tem argumentado que pretende convencer o presidente francês Emmanuel Macron a aceitar o acordo comercial para que, enfim, possa entrar em vigor.
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