Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home Brasil Antes de audiência pública sobre imunização infantil, Ministério da Saúde tem reunião com grupo contrário à vacina

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Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter dado sinal verde há seis dias, o governo decidiu abrir uma consulta pública sobre a vacinação infantil contra a covid. O início é só esta quinta-feira (23), mas na terça (21), o Ministério da Saúde promoveu uma reunião sobre o assunto, e só convidou pessoas contrárias à vacina.

A consulta pública será pela internet até o dia 2 de janeiro. Vai discutir a vacinação de crianças contra a covid.

A Anvisa ouviu representantes de cinco sociedades médicas e, na semana passada, aprovou o uso da vacina pediátrica da Pfizer. Nesta quarta (22), a agência enviou os pareceres técnicos que justificam a liberação do imunizante para essa faixa etária.

No documento, a Anvisa afirma que, “de modo a zelar pela transparência, informar órgãos governamentais, profissionais de saúde, autoridades reguladoras estrangeiras, bem como a população em geral, disponibilizou os pareceres públicos da aprovação da vacina para a faixa etária de 5 a 11 anos de idade, contendo todos os dados e informações técnicas avaliados para a referida aprovação. Prática semelhante é adotada pelas principais autoridades reguladoras estrangeiras”.

Atesta que “com base na totalidade das evidências científicas disponíveis, concluiu que a vacina Pfizer/BioNTech Covid-19, quando administrada no esquema de duas doses em crianças de 5 a 11 anos, é segura e eficaz na prevenção de doenças graves, potencialmente fatais ou condições que podem ser causadas pelo SARS-CoV-2”.

A palavra final sobre a inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunizações é do Ministério da Saúde.

Reportagem do site Metrópoles, publicada no fim da noite de terça-feira, revelou que dois dias antes de começar a consulta pública, o ministério fez uma reunião com secretários da pasta e pessoas contrárias à vacinação de crianças.

Quinze participantes eram do governo. Alguns conhecidos por defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid. Entre eles, a secretária de Gestão do Trabalho, Mayra Pinheiro, que esteve em Manaus, em janeiro, no auge da crise da falta de oxigênio, para promover o aplicativo TrateCov, que receitava cloroquina até para crianças.

Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos em Saúde, também participou do encontro.

A CPI da Covid pediu o indiciamento dos dois: Hélio Angotti, por epidemia com resultado morte e incitação ao crime; Mayra Pinheiro, por epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade.

Quatro pessoas de fora do ministério foram convidados para a reunião. Bruno Campello de Souza e Ellen Guimarães, que também participaram da comitiva que foi a Manaus em janeiro, Roberta Lacerda de Miranda e Edmilson de Carvalho, que assinaram um documento contrário à vacinação enviado à Anvisa no dia 16 de dezembro.

Médicos especialistas em crianças e adolescentes criticaram a reunião de segunda-feira (20).

“Causa estranheza o Ministério da Saúde receber médicos ou consultores que são contrários à vacinação, que propagam notícias falsas e, por vezes, até recomendam tratamentos não confirmados ou não efetivos contra a Covid-19. Seria lamentável se o Ministério da Saúde pautasse suas decisões não pelos especialistas e, sim, por consultores que são contrários à vacinação e propagadores de informações falsas e tratamentos que não funcionam”, enfatizou o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri.

Sociedades médicas criticam ainda a demora do governo para decidir sobre a vacinação das crianças e também a decisão de fazer agora uma consulta pública ouvindo inclusive leigos sobre o assunto.

Argumentam que, além da Anvisa, o uso da vacina pediátrica da Pfizer já teve o aval da comissão técnica, que foi criada pelo próprio Ministério da Saúde para assessorar o governo sobre assuntos relacionados à covid.

“É difícil entender por que uma consulta pública em relação à vacinação de crianças, já que nenhuma vacina na nossa história passou por uma consulta pública antes de ser adotada pelo Programa Nacional de Imunizações. Não é a primeira vez que a gente vê uma ação como essa. Quando iniciamos a vacinação de adolescentes, o próprio Ministério da Saúde, em determinado momento, se colocou contra, depois voltou atrás e passou a vacinar os adolescentes. Agora, será a vez das crianças. É seguro vacinar crianças e adolescentes contra a Covid-19 com a vacina da Pfizer”, ressaltou Isabela Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

No fim da tarde desta quarta, o senador Alessandro Vieira, do Cidadania, a deputada Tabata Amaral, do PSB, e o secretário de Educação do Rio de Janeiro, Renan Carneiro, entraram com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por prevaricação. Eles argumentam que o governo atua de forma intencional para atrasar a inclusão das crianças no programa de vacinação.

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