Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025

Home Economia Apesar de bilionário, o crédito do BNDES para a indústria vem diminuindo nos últimos anos

Compartilhe esta notícia:

A nova gestão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem afirmado que uma de suas prioridades é trabalhar pela “reindustrialização” da economia nacional. Mas desta vez, dizem executivos da empresa pública, a estratégia não será, como no passado, a de oferecer crédito a juros menores em larga escala.

Economista especializado em políticas de fomento à inovação, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon, explicou que o foco será a modernização tecnológica e o apoio a negócios nascentes (como startups). Nesse sentido, o objetivo é dobrar o aporte do banco à inovação – de 1% da carteira de crédito, de cerca de R$ 4,6 bilhões, para 2%. De acordo com o diretor do BNDES, a carteira de crédito do banco já chegou a ter 5,5% destinados para inovação empresarial.

“O BNDES saiu da agenda de inovação”, afirmou Gordon. “Como é que eu vou ter uma indústria competitiva internacionalmente? Não dá para ficar com o País fechado. Então, temos de abrir o País, mas tem de ter um País competitivo. Como é que eu vou competir se eu não tenho capacidade ‘inovativa’ nas indústrias brasileiras? Como um banco de desenvolvimento não apoia a inovação?”, completou o diretor.

Entre as críticas de especialistas à expansão do BNDES nos governos anteriores do PT, está o fato de que os custos fiscais de oferecer crédito a juros menores pelo banco são elevados. Ao mesmo tempo, criou uma proteção para as empresas que conseguem esses empréstimos – ainda que sejam muitas, não são todas –, o que cria distorções e atrapalha a política monetária.

Além disso, a expansão do BNDES entre meados dos anos 2000 e meados dos anos 2010 não interrompeu a tendência de desidratação da indústria no Brasil. Dados compilados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram que a participação da indústria de transformação no PIB desacelerou de 21%, na década de 1970, para 11,9% em 2021.

Se os planos do BNDES saírem do papel, esse apoio à inovação passará por parcerias e lançará mão de fontes de recursos não reembolsáveis ou com juros diferenciados para dar forma a linhas específicas. Essas fontes têm recursos limitados e, portanto, as condições mais vantajosas não serão oferecidas em todas as linhas do BNDES.

A primeira ação, segundo Gordon, será colocar em prática uma linha de financiamento, com recursos não reembolsáveis, para a instalação de equipamentos para conectar escolas públicas à internet.

Redes

Como os recursos são não reembolsáveis, não serão encarados como empréstimos. Os valores serão repassados a governos, municipais e estaduais, que cuidam das redes de ensino, mas a indústria poderá se beneficiar da demanda por equipamentos. A promessa é de que a linha tenha cerca de R$ 1 bilhão em quatro anos, incluindo R$ 150 milhões previstos já para este ano.

O passo seguinte seria desenvolver duas novas linhas de financiamento capazes de combinar diferentes instrumentos de apoio, incluindo recursos não reembolsáveis. Uma dessas linhas será focada em parques tecnológicos sediados em universidades ou institutos de pesquisa e ensino, com empresas-âncora e startups. A outra será focada no apoio direto a essas startups, com a intenção de atuar em todo o ciclo de crescimento das empresas – como investimento em participação acionária, emissão de títulos de dívida e empréstimos tradicionais.

Por ora, segundo Gordon, ainda não há definição de valores, mas eles tendem a ser pequenos na comparação com o crédito total do BNDES para a indústria. Apesar de bilionário, o crédito do banco para a indústria vem diminuindo nos últimos anos, na esteira da retração geral do BNDES, iniciada em 2016 (governo Temer). Em 2021, o banco liberou R$ 10,4 bilhões para o setor, 16,2% do total. Em 2010, empresas industriais receberam R$ 163,8 bilhões em financiamentos, em valores corrigidos, ou 46,8% do total.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Há 3 anos o País entrava no mapa da covid; 700 mil mortos depois, começamos a sair dele por causa da vacina
Lula faz exame de ressonância magnética no quadril em hospital de Brasília
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Show de Notícias