Sexta-feira, 02 de Maio de 2025

Home em foco Apesar de prisão, CPI das empresas de apostas deve acabar em pizza

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O fim da CPI das Bets, do Senado, inicialmente previsto para a quarta-feira (30), foi adiado por mais 45 dias, prazo menor do que os quatro meses extras solicitados pela cúpula do colegiado. Apesar da sobrevida negociada com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), a investigação, após os primeiros 130 dias, se encaminha para uma “pizza”, sem resultados expressivos.

Alcolumbre formalizou a prorrogação da CPI nesta quarta. Na véspera, terça-feira, 29, na última reunião antes de os trabalhos serem estendidos, a comissão prendeu em flagrante um homem que havia sido convocado como testemunha. Apontado como “laranja” de uma intermediária de jogos ilegais, ele foi acusado de falso testemunho durante o depoimento.

No papel, Daniel Pardim é representante da Peach Blossom, empresa que tem parte da Playflow, firma da advogada Adélia de Jesus Soares. Participante do programa Big Brother Brasil, da TV Globo, em 2016, ela é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por suspeitas de auxiliar um grupo chinês a operar apostas ilegais no Brasil.

Classificado pelo próprio advogado como um “mero cozinheiro”, Pardim se negou a detalhar sua participação na firma, mas afirmou categoricamente desconhecer Adélia. A contradição foi vista como falso testemunho, o que rendeu a prisão dele em flagrante.

A CPI não detalhou quais crimes teriam sido cometidos por Daniel Pardim no esquema das apostas, mas alegou que ele prejudicou a apuração no depoimento. A defesa dele afirma que o colegiado cometeu abuso de autoridade porque ele foi convocado como testemunha e transformado em suspeito investigado.

Entre parlamentares contrários à CPI, a avaliação é a de que a comissão buscou criar um fato para justificar a falta de resultados. E para isso acabou mirando um “peixe pequeno” no universo das empresas de apostas.

Por outro lado, auxiliares da relatora da comissão, Soraya Thronicke (Podemos-MS), afirmam que o esquema no qual Adélia é investigada pode ter movimentado R$ 2 bilhões em dois anos. Pouco antes da prisão, entretanto, assessores se queixavam de a medida ser aplicada contra o homem que é “só o laranja”.

Prisão de testemunha

A ordem prisão, pouco comum, solicitada por Soraya Thronicke, rompeu uma sequência de reuniões esvaziadas e sem foco. Houve situações em que os poucos presentes não eram suficientes para votações de requerimentos básicos. Em algumas sessões, só o presidente, Hiran Gonçalves (PP-RR), e a relatora compareciam. Em outras, nem eles.

A senadora perdeu uma sessão para ir aos Estados Unidos para encontro da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), da Organização das Nações Unidas (ONU). Nas redes, registrou o momento em que tietou o ator Mark Ruffalo em Nova York.

O ostracismo na CPI sucedeu um período de duros embates entre senadores. A fase inicial dos trabalhos foi marcada por acusações de extorsão e pela atuação de senadores pró-bets. A balança pendeu para o lado das casas de apostas, que se viram livres de quebras de sigilos financeiros.

Nos bastidores da CPI, a maior tensão girou em torno de inclusões na pauta de requerimentos de quebra de sigilos de dezenas das principais casas de apostas que atuam no País.

Ação de lobistas

A possibilidade de aprovação dos pedidos trouxe um exército de lobistas das bets ao Congresso, e os pedidos sumiram sob o argumento de que eram genéricos demais e seriam retrabalhados. Eles foram incluídos e não votados em três das 14 sessões realizadas pela CPI até agora.

Para técnicos que acompanham os trabalhos da CPI, o surgimento de relatórios detalhados de movimentação financeira de empresas de apostas poderia ter o efeito de apontar conexões, no mínimo, danosas à reputação de empresas conhecidas do mercado.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) foi o autor desses requerimentos em bloco. Procurado por meio da equipe de gabinete para explicar o porquê do recuo e o porquê de ter deixado de ir às reuniões da CPI, não comentou.

Esvaziamento

Apesar da relevância social e econômica do tema das apostas online, houve reuniões em que só estavam presentes dois senadores, o presidente e o relator substituto. O plenário passou a ter mais lobistas do que senadores. Os observadores enviados por associações de bets, casas de apostas e escritórios de advocacia ocupam os assentos destinados ao público externo.

As sessões eram marcadas por uma “blitz” de senadores da chamada “bancada das bets”, puxada pelo piauiense Ciro Nogueira (PP). Eles trabalhavam para esvaziar a comissão e evitar que empresas fossem investigadas. Com a denúncia, esses senadores passaram a afirmar que a credibilidade dos trabalhos foi comprometida.

Eles até articularam junto ao então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), encerrar a CPI por antecipação. A iniciativa não foi exitosa, mas dali para frente a CPI perdeu força. Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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