Domingo, 28 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2025
As exportações brasileiras resistiram melhor do que o esperado ao tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump, alcançando o maior valor em dez anos para o período de janeiro a novembro. O desempenho foi sustentado pela diversificação de mercados e pela boa performance de setores mais especializados, o que limitou o impacto negativo sobre a balança comercial e reduziu a dependência do País do mercado americano.
Nos onze primeiros meses do ano, as exportações brasileiras para o mundo somaram US$ 317,18 bilhões, um avanço de 1,8% em relação a 2024, e atingiram a maior marca em dez anos para esse período.
Os efeitos negativos do tarifaço americano foram atenuados pela diversificação das vendas externas para outros destinos, na Ásia e América do Sul, e também pelo fato de uma parte dos setores que têm negócios com o mercado americano terem continuado aumentando os embarques para o
país, apesar das sobretaxas.
Além disso, no início de novembro os Estados Unidos recuaram na imposição da tarifa adicional de 40% para uma lista de mais de 200 produtos, especialmente do agronegócio.
Assimetria
Estudo feito pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostra que do total de 30 setores que exportam para os EUA, 19 venderam juntos para o mercado americano US$ 21,2 bilhões de janeiro a novembro deste ano. O recuo foi de 14,5% em relação ao mesmo período de 2024, quando não havia tarifaço.
No entanto, mesmo com o choque das tarifas, outros 11 setores registram avanço nas vendas aos EUA e atenuaram o tombo nas exportações totais para o mercado americano.
Juntos esses 11 setores exportaram US$ 12,9 bilhões entre janeiro e novembro e ampliaram as vendas para os Estados Unidos em 9,8% frente ao mesmo período de 2024. Com isso, a queda nas exportações brasileiras totais aos EUA neste ano acabou sendo bem menor, de 6,7% até novembro.
“O resultado do tarifaço foi assimétrico entre os setores”, afirma Daiane Santos, pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), economista da Funcex e responsável pelo estudo, feito em parceria com o estatístico da entidade Henry Pouchet.
Entre os setores que aumentaram as exportações, destacam-se aviões, óleos combustíveis, carne bovina, suco de laranja, pneumáticos, motores e geradores elétricos, café, partes de motores e turbinas para aviação, por exemplo. Já os 19 setores cujas vendas para os EUA caíram, afetadas pelo tarifaço, são ligados a commodities. As informações são de O Estado de S. Paulo.