Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de outubro de 2021
Em resposta ao pedido de explicações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as circunstâncias de um vídeo divulgado um dia após a determinação para que voltasse para a prisão, o ex-deputado Roberto Jefferson fez uma provocação ao magistrado ao dizer que produziu o material para tratar da “maldição sobre os ímpios e perversos”.
O presidente do PTB voltou ao presídio no último dia 14, quando recebeu alta médica. Na gravação, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que “ora” “em desfavor do Xandão”, termo usado por Jefferson para se referir ao ministro do STF.
Após a divulgação do vídeo encaminhado a aliados de Jefferson, Moraes pediu para que a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro explicasse quais foram as circunstâncias da gravação do material, já que o material veio a público no mesmo dia em que o presidente do PTB voltou ao presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8.
Segundo Moraes, a gravação implicaria em “desrespeito ao cumprimento das medidas restritivas impostas” a Jefferson, que teve suas contas nas redes sociais bloqueadas.
“O vídeo foi produzido dentro das dependências do Hospital Samaritano Barra, no dia 14/10/2021, pela manhã; que trata-se do salmo 109, versus 6 até 19 da Bíblia Sagrada, “a maldição sobre os ímpios e perversos”, que produziu em função da decisão do Ministro ter perdido a eficácia, que a lei da mordaça perdurou tão somente enquanto a internação hospitalar, voltando para o presídio a mesma perdeu seu objetivo”, declarou o ex-deputado nesta terça-feira.
No último dia 13, Moraes determinou o “imediato retorno” para a prisão do ex-deputado, após receber informações do Hospital Samaritano Barra, do Rio de Janeiro, de que ele já está em condições de receber alta hospitalar.
Preso em agosto por determinação de Moraes por causa de ataques às instituições democráticas, Jefferson foi internado após ter passado por problemas de saúde.
Além de estar preso, Jefferson já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por seus ataques às instituições. A defesa havia apontado a existência de problemas de saúde para pedir sua transferência para a prisão domiciliar. Jefferson é aliado do presidente Jair Bolsonaro, por isso sua prisão provocou descontentamento no Palácio do Planalto.
Polêmico
O nome de Roberto Jefferson passou a ser conhecido nacionalmente durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor, em que atuou como militante da “tropa de choque” de deputados que tentavam defender o então presidente.
Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na CPI do Orçamento. Em 1994, durante depoimento, Jefferson chorou por duas vezes, lamentando o fato de sua família ter sido exposta. Nessa CPI, ele foi incluído na lista de 14 parlamentares sobre os quais seria necessária maior investigação.
No relatório final da CPI, a conclusão era que, com crédito total de 470 mil dólares em cinco anos, seu patrimônio e movimentação bancária seriam compatíveis com o rendimento. A Subcomissão de Patrimônio teria constatado, porém, a existência de bens não declarados à Receita.
Em 2005, a revista Veja divulgou o suposto envolvimento de Roberto Jefferson num escândalo de corrupção nos Correios, na qual houve fraude a licitações e desvio de dinheiro público. Com a iminência da instauração de uma CPI no Congresso Nacional, Roberto Jefferson denunciou a prática da compra de deputados federais da base aliada ao governo federal (PL, PP, PMDB) pelo partido oficial: o PT. A prática ficou conhecida como “mensalão”.
Ele foi vítima de um câncer no pâncreas, enfrentou várias recidivas que o afastaram do cotidiano do partido e do Congresso. Foi abatido por uma forte depressão, mas ressurgiu em uma live transmitida em 19 de abril de 2020, na qual denuncia um suposto “golpe parlamentarista” que estaria sendo urdido por Rodrigo Maia. Em seguida declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Em 13 de agosto de 2021, Roberto Jefferson teve a prisão preventiva decretada por Moraes, por envolvimento em uma milícia digital que atua contra democracia. Moraes ainda determinou o bloqueio das redes sociais do ex-deputado — especificamente o Twitter, que, segundo o ministro é “necessário para a interrupção dos discursos criminosos de ódio e contrário às Instituições Democráticas e às eleições”. Segundo o inquérito, em uma conversa obtida pela PF, o ex-deputado afirmou defender um “ato institucional”, nos moldes do AI-5, contra o STF.
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