Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

Home em foco Após novas revelações do caso das joias, a Polícia Federal e a CPI dos Ataques do 8 de janeiro definiram os próximos passos da estratégia de seguir o dinheiro que circulou

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Após novas revelações do caso das joias, a Polícia Federal e a CPI dos Ataques Golpistas definiram os próximos passos da estratégia de seguir o dinheiro que circulou com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu círculo mais próximo. As investigações vão se debruçar em análises de movimentações em contas dentro e fora do Brasil, além de extratos de cartões de crédito.

Um dos objetivos é mapear a origem de recursos usados pelo grupo na recompra de um relógio Rolex nos Estados Unidos. A negociação faz parte de um suposto esquema de venda de itens recebidos pelo ex-mandatário em viagens.

Na última quinta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o pedido da PF por uma cooperação internacional, que deverá ser encaminhada ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, nesta semana.

O advogado Frederick Wassef admitiu que, em março, recomprou o Rolex. Os policiais pretendem agora descobrir a origem do pagamento. Com o auxílio do FBI, investigadores brasileiros querem esclarecer de que conta saiu o valor em espécie desembolsado por Wassef, se é possível rastrear os dólares entregues, se ele foi sozinho à joalheria e se existem imagens que registraram a compra.

General Cid

Outros episódios envolvendo dinheiro vivo também chamaram a atenção da PF. Pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid tinha consigo, em janeiro, US$ 25 mil em espécie que seriam de Bolsonaro, de acordo com a PF. A suspeita é que a conta do oficial no exterior tenha sido usada para receber dinheiro das vendas de joias — a PF apura se o esquema tinha como objetivo a “conversão em dinheiro em espécie para o ingresso no patrimônio pessoal” de Bolsonaro.

Na operação para a recompra de outro kit de joias, executada por Mauro Cid em abril, ele sacou US$ 35 mil em uma agência do Banco do Brasil nos EUA e se dirigiu à joalheria.

A PF aponta que Cid, além de acompanhar o ex-presidente nas agendas diárias nos quatro anos de sua gestão, era o responsável por administrar suas contas e seus cartões.

Ao longo da semana, o advogado Cezar Bitencourt, que representa o ex-ajudante de ordens, já adiantou que ele vai assumir à PF a negociação do Rolex, mas responsabilizará o então chefe pela iniciativa. O criminalista afirmou que o valor arrecadado com a compra da joia foi entregue a Bolsonaro ou Michelle e isentou Lourena Cid de culpa na transação. Já o advogado Paulo Bueno, defensor do ex-presidente, afirmou que Bolsonaro “nunca recebeu nenhum valor em espécie do Cid referente à venda de nada”.

Quebras de sigilo

Investigadores vão analisar ainda os resultados das quebras de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e Michelle, determinada por Moraes. Desta maneira, todas as informações do casal em instituições financeiras serão escrutinadas pelos investigadores.

A CPI, por sua vez, tem em mãos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal. Os parlamentares já se dedicaram a esmiuçar informações sobre Mauro Cid, que movimentou R$ 10 milhões entre 2020 e 2022, segundo um relatório da Receita. Documentos do Coaf mostram ainda movimentações “atípicas” e “incompatíveis” do militar, sobretudo em relação a um repasse de R$ 367 mil para uma conta americana em 12 de janeiro de 2023.

“Os dados de Mauro Cid apontam para transações com Jair Bolsonaro num volume extraordinário, até porque o então ajudante de ordens foi procurador legal de contas do então presidente. A partir de agora, teremos a tarefa de identificar se esses recursos, de alguma forma, fomentaram os eventos golpistas”, explica a senadora Eliziane Gama (PSB-MA), relatora da CI.

Em análise

A comissão levantou ainda um arquivo de mais de 25 gigabytes com e-mails diários de nove ajudantes de ordens de Bolsonaro, o que inclui Mauro Cid. Nos e-mails, o tenente-coronel recebeu mensagens falando sobre venda do Rolex, uma lista de relógios recebidos pela Presidência e os certificados da Chopard de outros presentes internacionais. Com base nessas informações, a PF e a CPI agora querem saber se outros objetos foram vendidos no exterior e se o dinheiro foi parar nas contas de Bolsonaro.

Outro lado

A defesa do ex-presidente informou que, sobre a determinação do Ministro Alexandre de Moraes para quebra do sigilo bancário, “não tem qualquer receio quanto a abertura da movimentação bancária e, bem por isso, irá apresentá-la espontânea e detalhadamente nos autos do inquérito, mantendo a postura colaborativa e transparente que sempre atou a bem do esclarecimento da verdade.”

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