Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de julho de 2025
A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na terça-feira (29), na Itália, acendeu novo alerta entre aliados de Jair Bolsonaro. No entorno do ex-presidente, a avaliação predominante é a de que ele deve manter uma postura de cautela e distanciamento público em relação à parlamentar, que foi condenada por ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Integrantes do núcleo bolsonarista viram a prisão com preocupação, apesar de esperada, uma vez que ela estava foragida há dois meses e seu nome integrava a lista da Interpol. Segundo interlocutores, há o receio de que qualquer manifestação mais enfática possa ampliar a exposição de Bolsonaro num momento em que ele já é alvo de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A estratégia, portanto, é seguir em silêncio e fora dos holofotes para não fornecer munição que possa agravar sua situação jurídica.
Embora tenha sido uma das vozes mais estridentes da ala ideológica bolsonarista, Zambelli já vinha se afastando de Bolsonaro. O ex-presidente, por sua vez, não esconde o desconforto com a deputada. Em maio deste ano, quando ela deixou o país, Bolsonaro declarou:
“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, tá certo? Não botei dinheiro no Pix dela e tô aguardando.”
Agora com tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais, o ex-presidente não deve se pronunciar sobre a prisão da aliada. A orientação é que, mesmo se for abordado pela imprensa, evite comentários e alegue que está impedido de se manifestar. Embora ainda possa conceder entrevistas, Bolsonaro tem evitado falar com receio de que suas declarações sejam publicadas por terceiros nas redes sociais, o que foi proibido na última decisão do ministro Alexandre de Moraes.
A relação entre os dois, antes marcada pela lealdade, se deteriorou de forma irreversível após o episódio em que Zambelli sacou uma arma e perseguiu um homem negro às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O gesto foi visto por Bolsonaro como um dos fatores que contribuíram para sua derrota. Em março deste ano, ele atribuiu publicamente a Zambelli parte da responsabilidade pelo fracasso nas urnas.
“A Carla Zambelli tirou o mandato da gente. Aquela imagem da Zambelli perseguindo o cara… Aquilo fez gente pensar: ‘Olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. A gente perdeu”, disse, em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
A deputada tentou reaproximação após a eleição, mas não teve sucesso. O único gesto mais claro de Bolsonaro foi um vídeo gravado em apoio à candidatura do marido dela, Coronel Aginaldo, à prefeitura de Caucaia (CE). Ele terminou em quarto lugar.
Antes do rompimento, Zambelli acumulava episódios de fidelidade ao ex-presidente. Em 2020, quando o então ministro da Justiça e padrinho de seu casamento, Sergio Moro, pediu demissão do governo, ela tentou convencê-lo a recuar, dizendo que teria vaga garantida no STF. Também teria sido dela a sugestão para que Regina Duarte assumisse a Cinemateca, após ser demitida da Secretaria de Cultura.
Zambelli também rompeu com antigas aliadas por Bolsonaro. Deixou de ser próxima da deputada Joice Hasselmann, com quem marchou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), após a colega romper com o governo. A fidelidade, no entanto, não foi retribuída: em 2021, Bolsonaro retirou Zambelli da vice-liderança da Câmara para abrir espaço ao Centrão e ampliar sua base de apoio.
Nas eleições de 2022, os dois ainda estiveram juntos. Zambelli foi uma das puxadoras de votos do PL em São Paulo, com mais de 946 mil votos. Mesmo assim, foi preterida na disputa ao Senado. Bolsonaro preferiu lançar seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
O rompimento definitivo veio com o episódio da arma. Por causa da ação, ela também responde por porte ilegal de armas e constrangimento ilegal. (Com informações do jornal O Globo)
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