Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de dezembro de 2021
Ratinho se meteu em uma verdadeira polêmica. O apresentador do SBT pode ser investigado após ter atacado a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), durante seu programa “Turma do Ratinho”, da rádio Massa FM. A Procuradoria Regional Eleitoral em Brasília recebeu uma representação do grupo interno sugerindo a abertura de investigação sobre Ratinho.
Na quarta-feira (15), Ratinho comentou ao vivo sobre o projeto de lei apresentado pela petista para acabar com a referência de gênero dos casais nas declarações de casamento, e mandou a deputada “lavar roupa”, “lavar louça” e sugeriu “pegar uma metralhadora” contra ela.
As procuradoras Raquel Branquinho e Nathália Mariel Ferreira de Souza, coordenadoras do Grupo de Trabalho para Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero do MP Eleitoral, apontaram traços de violência psicológica.
Segundo a representação, Ratinho pode ser enquadrado pelo crime previsto no artigo 326-B do Código Eleitoral, tal qual proíbe “assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo”.
Após ver a polêmica, o comunicador disse que iria ficar isento de comentar sobre assuntos de cunho político: “Vou evitar de fazer comentário porque qualquer comentário eles mudam aqui o seu pensamento. A imprensa, a mídia social, muda o que você está falando. Você não tá falando com aquela intenção, mas… Às vezes, você tá falando um negócio até de brincadeira e vão lá e mudam conforme o interesse deles. O da direita radical e o da esquerda radical também. Então tá muito chato isso e eu vou sair hoje dessa chatice”, declarou ele.
Mulheres
Em debate recente com as deputadas da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados sobre os problemas enfrentados pelas brasileiras nos espaços políticos, a representante da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino, alertou que a violência na política afasta as mulheres — o que, por si só, já é uma violação de direitos.
“É uma violação básica de direitos humanos, mas também é uma questão de representatividade. Quando a gente olha para a sociedade de um modo geral, o fato de as mulheres não se enxergarem em quem as representa constitui, em si, uma violência simbólica. Essas mulheres não se enxergam fisicamente e nem nas pautas, e isso representa essa violência política.”
Segundo dados da ONU Mulheres, 82% das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25% sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.
A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) destacou dados da UniRio que mostram que, entre 1998 e 2016, a cada pleito 16 candidatos foram assassinados, sendo que esses casos se concentraram em eleições em municípios com até 50 mil habitantes. Segundo ela, a violência se torna mais grave no caso de candidatas mulheres.
“Quando nós falamos sobre violência política não podemos não comentar a violência política de gênero, que se manifesta desde atitudes que podemos considerar pequenas, mesmo que não sejam, desde as interrupções, o que falam nas fake news, que chegam nas ameaças e que somadas, entre as atitudes e ações que nós vemos direcionadas a candidatas mulheres porque são mulheres, têm um papel muito grande de desestimular e desincentivar, assim silenciando a participação das mulheres na política.”