Segunda-feira, 29 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de setembro de 2025
O programa econômico do presidente da Argentina, Javier Milei, está em uma encruzilhada. Com a queda de popularidade do governo e a crescente incerteza do mercado financeiro em relação ao futuro do país, as eleições legislativas nacionais de outubro serão fundamentais para definir se o líder argentino vai conseguir avançar com as medidas para estabilizar a economia. Até lá, a população segue em compasso de espera.
Desde que o escândalo envolvendo a irmã de Milei eclodiu – Karina Milei foi acusada de cobrar propina de indústrias farmacêuticas –, o presidente argentino passou a viver uma combinação perversa, colocando em xeque a confiança dos investidores no país. No início deste mês, foi duramente derrotado na eleição local da Província de Buenos Aires, perdeu batalhas importantes no Congresso, num momento em que o apoio de governadores mais moderados está estremecido, e a economia passou a dar sinais de estagnação.
O resultado da eleição em Buenos Aires chocou porque a expectativa era de uma derrota de Milei por cinco pontos, no máximo, mas a diferença foi de quase 14 pontos porcentuais. No dia seguinte, os ativos da Argentina se deterioraram.
Futuro
Na eleição legislativa de 26 de outubro, metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado estarão em disputa. Os investidores vão se debruçar sobre o resultado que sairá das urnas – e o que ele vai apontar para o futuro do país. Um apoio expressivo do eleitorado será fundamental para Milei mostrar que ainda tem força popular para seguir adiante com o seu programa de estabilização.
“Se o resultado for favorável, o Milei vai ganhar densidade política na Câmara dos Deputados e entre os senadores que lhe permita negociar com muito mais força reformas importantes que a Argentina ainda tem de levar adiante”, afirma Dante Sica, sócio-fundador da consultoria Abeceb e ex-ministro da Produção e do Trabalho.
O número mágico que Milei busca alcançar é um terço dos assentos na Câmara dos Deputados, o que é suficiente para evitar a derrubada de decretos presidenciais, funcionando como uma espécie de “escudo” à administração federal. Hoje, a base de apoio do presidente da Argentina é de cerca de 15%. Embora seja um governo de minoria, Milei sempre tinha encontrado espaço para negociar medidas importantes.
“Com esse um terço, o governo pode ter o seu escudo que lhe dê maior governabilidade e vai poder continuar com seu plano de maneira mais firme”, afirma Roberto Nolazco, gerente de assuntos públicos para a América Latina da consultoria Prospectiva. (Com informações de O Estado de S. Paulo)