Sábado, 25 de Outubro de 2025

Home em foco Argentina “exporta” crise pela fronteira uruguaia

Compartilhe esta notícia:

Uruguaios estão cruzando a fronteira para comprar comida e combustível mais baratos na Argentina – abalada pela crise econômica. Mas isso está mergulhando os negócios uruguaios na área fronteiriça em uma crise própria.

Enquanto o peso argentino, que perdeu cerca de 25% de seu valor em relação ao dólar este ano, no Uruguai – com uma inflação de 6% ao ano -, a moeda local se fortaleceu em relação ao dólar. Com isso, o comércio uruguaio na fronteira perdeu competitividade.

A gerente do supermercado uruguaio, Noelia Romero, disse que as vendas estão em queda acelerada. Ela trabalha na cidade de Fray Bentos, separada por uma ponte sobre o rio Uruguai da cidade argentina de Gualeguaychu.

“Fomos duramente atingidos na venda de mantimentos e produtos de limpeza”, disse Romero.

“No Uruguai o combustível custa o equivalente a US$ 1,58 por litro e na Argentina pagamos US$ 0,53”, disse Robert de Lima, que rodou 45 km do Uruguai a Gualeguaychu para encher o tanque.

Abelardo Alzaibar, dono de farmácia em Fray Bentos, disse que, mesmo com incentivos do governo uruguaio para atenuar o problema, a diferença de preços cria “enormes” problemas para o comércio local. “Há estabelecimentos fechando e nenhum sinal de que isso vá acabar logo”, afirmou.

Desaceleração na Argentina

A inflação argentina surpreendeu em junho, com uma desaceleração mais acentuada do que a esperada pelos analistas. O índice de preços ao consumidor – o último a ser anunciado antes das votações primárias para as eleições presidenciais do país – subiu 6% no mês, segundo informou ontem o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

O resultado da inflação nacional mensal de junho ficou bem abaixo da taxa de 7,1% da cidade de Buenos Aires, divulgada na semana passada, e das previsões do mercado, entre 7,2% e 7,4%, o que levantou desconfiança entre alguns economistas. Outros sugeriram um possível represamento de preços — o que armaria uma bomba-relógio ao próximo governo.

A aproximação das eleições de outubro e das Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias – as Paso, que na prática funcionam como se fosse o primeiro turno -, em agosto, alimentou essas dúvidas. Sobretudo em razão de o candidato governista ser o ministro da Economia, Sergio Massa.

“Essas ilações e desconfianças são inevitáveis, diante das circunstâncias políticas e do histórico dos governos peronistas em relação a dados oficiais”, disse uma fonte ligada ao mercado argentino, sob a condição de anonimato.

Mesmo com a desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses segue bem acima de 100%, atingindo 115,6% em junho, o patamar mais alto registrado no país desde agosto de 1991.

“Já se previa que o número de junho viria menor do que o de maio, e muito dessa desaceleração dos preços tem a ver com algumas características sazonais da economia do país, que registra menor atividade econômica em junho e julho”, afirmou o consultor argentino Sergio Berenzstein, que disse não acreditar em manipulação dos índices oficiais nem na hipótese de uma taxa de inflação mais baixa no mês favorecer o candidato do governo.

“Pode ser que Massa use o dado mensal eventualmente na campanha, mas não creio que o futuro dele esteja ligado à inflação de junho”, disse ele. “Até porque o índice está muito longe da meta anunciada em sua posse, de manter a inflação em 3% mensais.”

Já para o analista da consultoria Orlando J. Ferrerés & Asociados, Nicolás Alonzo, o dado de junho deve ser observado com cautela. “É um número que veio muito abaixo do esperado, mas é certo que estamos passando por um dos piores períodos de queda da atividade econômica e isso ajuda a moderar os dados de inflação”, diz. “Também é certo que em períodos de inflação descontrolada, os indicadores são sempre voláteis, com altas e baixas muito bruscas”, afirmou.

Alonzo também pondera que a alta do dólar paralelo (blue) em maio foi menos acentuada do que em períodos anteriores, o que pode ter contribuído para uma desaceleração significativa nos preços de junho. Além disso, o governo de Alberto Fernández intensificou seu programa de controle depreços de itens da cesta básica — medida que represa a inflação.

Em razão disso, preços de alimentos e bebidas não alcoólicas (que subiram 4,1%), vestuário e calçados (4,2%) e bebidas alcoólicas e tabaco (4,6%) ficaram abaixo da média de aumentos de junho. O setor que sofreu com maior aumento de preços foi o de comunicações, com alta de 10,5%.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

A presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, admitiu que acha “muito ruim” as especulações sobre sua eventual demissão do cargo
Oposição tenta ajustar discurso sobre reforma tributária
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Pampa News