Quinta-feira, 02 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de outubro de 2025
Na histórica Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento — a Rio-92, realizada no Brasil em 1992 — nasceram três acordos globais fundamentais para o futuro do planeta. Eles ficaram conhecidos como as “Três Convenções da Rio-92”, ou, carinhosamente, as “três irmãs”: a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).
Apesar de igualmente relevantes, essas convenções não têm o mesmo nível de visibilidade pública. A Convenção do Clima tornou-se a mais conhecida e debatida, principalmente por causa de suas conferências anuais — as COPs — que reúnem chefes de Estado, negociadores, cientistas e ativistas de todo o mundo. É nesse espaço que se discutem metas de redução de gases de efeito estufa, financiamento climático, justiça climática e transição energética. A próxima edição a COP30, ocorrerá em Belém do Pará, em novembro de 2025. Estaremos acompanhando e trazendo as informações diretamente do Parque das Cidades, onde foi instalado os locais de negociação.
Já a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), embora menos noticiada, é igualmente estratégica. Seu objetivo é conservar a diversidade da vida no planeta, promover o uso sustentável dos recursos naturais e assegurar a repartição justa dos benefícios da biodiversidade. Sua conferência mais recente, a COP15, foi realizada em Montreal, no Canadá, em 2022, e marcou um momento histórico com o lançamento do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, que propõe proteger 30% das terras e oceanos do mundo até 2030.
A terceira irmã, a Convenção de Combate à Desertificação (UNCCD), tem como foco a preservação dos solos e a restauração de áreas degradadas, especialmente em regiões áridas e semiáridas. Sua missão ganhou destaque diante do avanço das mudanças climáticas e da perda de terras agricultáveis. A última conferência da UNCCD foi a COP15, realizada em Abidjan, na Costa do Marfim, em 2022, onde foram debatidos temas como segurança alimentar, gestão da água e migração ambiental.
O que une essas três convenções é a origem comum — a Rio-92 — e o entendimento de que a crise climática, a perda da biodiversidade e a degradação dos solos estão profundamente interligadas. Não há como combater uma sem enfrentar as outras. Por exemplo, o desmatamento contribui para o aquecimento global, reduz a biodiversidade e agrava a desertificação. Soluções integradas, como reflorestamento, agricultura regenerativa e conservação de ecossistemas, beneficiam simultaneamente os três acordos.
Ainda assim, as “três irmãs” operam com estruturas separadas, agendas próprias e conferências distintas. Nos últimos anos, tem havido um esforço crescente da ONU e dos países signatários para promover maior sinergia entre as convenções, incluindo mesas de diálogo conjuntas e estratégias unificadas, como a proposta de uma “natureza positiva” no contexto da ação climática.
Com a aproximação da COP30 no Brasil, cresce a expectativa de que o país — palco original da Rio-92 — assuma um papel de liderança na integração dessas agendas. Afinal, um futuro sustentável exige não apenas combater o aquecimento global, mas também proteger a vida e os solos que sustentam toda a humanidade. Quem sabe agora seja a hora de reunir, de fato, as três irmãs em uma só caminhada.
Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética