Terça-feira, 23 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de dezembro de 2025
Às vésperas do Natal, os atrasos nas entregas de encomendas pelos Correios têm aumentado, diante da crise financeira da estatal, agravada pela paralisação de funcionários em locais importantes, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
O índice de entregas no prazo já vinha em queda ao longo do ano, sobretudo devido às dívidas com fornecedores, mas a situação piorou com a greve, provocando uma corrida pelos serviços de transportadoras privadas e deixando consumidores na mão.
O índice de entregas no prazo do Correios está abaixo de 70%, na média nacional, segundo fontes que pediram anonimato — varia de 50% a 70% a depender da região. Isso significa que pelo menos 30% dos envios estão atrasados este mês, nos piores níveis do ano.
Em janeiro, a média nacional estava em 97,7%. Em dezembro, caiu para 76,63%, com base nos dados até o dia 6. Na leitura diária, o percentual foi de 68,15% naquele dia, ou seja, 32% das encomendas estavam atrasadas. Todos os registros estão abaixo da meta estipulada pela própria empresa, de 96%.
Os números são um retrato da crise, que já afeta os usuários. A jovem aprendiz Eduarda Kocholi, de 20 anos, que mora em Curitiba (PR), está sofrendo com entregas em três compras recentes que fez no exterior. Os presentes de Natal da mãe, do irmão e do namorado vão atrasar, por causa de “desvios de rota”.
“Sempre comprei muito pela internet, principalmente de sites que vendem importados, e dava para contar nos dedos quando acontecia de desviar da rota. Nunca vi acontecer com 100% das compras”, disse Eduarda, calculando prejuízo de R$ 150.
A cúpula dos Correios acredita que a qualidade do serviço só vai melhorar após o pagamento de dívidas atrasadas, sobretudo com fornecedores, mas isso depende da entrada de recursos no caixa da empresa, que está negativo. Para reforçá-lo, a expectativa fechar o empréstimo de R$ 12 bilhões com um grupo de bancos (Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa) ainda este ano, a tempo de receber uma parcela de R$ 10 bilhões até 31 de dezembro. A operação recebeu aval da União na semana passada, mas os envolvidos ainda estão discutindo cláusulas do contrato.
Os recursos serão utilizados para pagar colocar de pé o plano de reestruturação. A ideia é desligar 15 mil funcionários com um plano de demissão voluntária (PDV) e fechar 1 mil agências. Do lado da receita, estão previstas parcerias com o setor privado para ampliar o leque de serviços prestados.
O quadro de crise piorou com a greve deflagrada por sindicatos regionais de funcionários, por discordâncias em relação ao acordo coletivo de trabalho (ACT) proposto pela empresa. Hoje, estão previstas novas assembleias de funcionários para avaliar a mais recente proposta da negociação trabalhista, mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) — uma das controvérsias, é que a estatal se nega a pagar uma gratificação de Natal de R$ 2,5 mil.
Diante da crise, empresas de logística relatam uma corrida de varejistas que trabalham com o comércio eletrônico, para tentar fazer chegar a tempo os presentes para o Natal. A procura é, principalmente, de pequenos negócios, mais dependentes dos serviços dos Correios do que as grandes lojas online e marketplaces, como Magalu, Mercado Livre e Amazon, que têm operações próprias.