Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home em foco Astro do futebol americano virou preocupação na luta contra a desinformação sobre a vacina anticovid nos Estados Unidos

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Nesta primavera, ele estava fazendo um teste para ser o apresentador de “Jeopardy!”. Quase todos os dias, ele aparece em anúncios de televisão de marcas nacionais como da seguradora State Farm. E aos domingos neste outono, ele levou o Green Bay Packers a se tornar o melhor da divisão com um recorde de 7-2.

O quarterback Aaron Rodgers não é apenas o MVP da NFL, ele é uma celebridade que transcende o esporte mais popular do país, um nome conhecido no mesmo nível de Tom Brady e Patrick Mahomes.

Então, quando surgiram notícias de que ele testou positivo para o coronavírus na semana passada e não foi vacinado, Rodgers justificou sua decisão de não ser vacinado se posicionando contra as vacinas altamente eficazes e cuspindo uma onda de desinformação. Os profissionais médicos ficaram desanimados não apenas porque vai dificultar para eles persuadir os adultos a serem vacinados, mas porque eles também estão começando a vacinar crianças de 5 a 11 anos.

“Quando você é uma celebridade, você recebe uma plataforma”, disse o Dr. Paul A. Offit, diretor do Centro de Educação de Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia. “Quando você opta por fazer o que Aaron Rodgers está fazendo, que é usar a plataforma para divulgar informações incorretas que podem levar as pessoas a tomarem decisões erradas para si mesmas ou para seus filhos, você causa danos.

A NFL está investigando se Rodgers e os Packers violaram algum dos extensos protocolos contr a covid-19 da liga, que foram desenvolvidos em parceria com a Assosiação de Jogadores. Rodgers admitiu ter desrespeitado esses protocolos, incluindo participar de uma festa de Halloween com colegas de equipe, onde apareceu em vídeos sem máscara. Os time e o atleta podem ser multados em centenas de milhares de dólares por não cumprirem as regras.

Rodgers está passando por um período de isolamento de 10 dias e não jogou na derrota dos Packers por 13 a 7 para o Kansas City no último domingo (7). Como todos os jogadores não vacinados da NFL com teste positivo, Rodgers deve fornecer dois testes negativos, tirados com 24 horas de intervalo, após seu isolamento para retornar a campo, o que pode acontecer já neste sábado (13).

O dano duradouro da postura de Rodgers, entretanto, não pode ser medido em dólares ou jogos perdidos ou ganhos. As taxas de vacinação na NFL são muito altas em comparação com a população em geral. Quase todos os técnicos e membros da equipe que estão perto dos jogadores são vacinados, e 94% dos cerca de 2.000 atletas também foram imunizados, de acordo com a liga.

Mas dado o quão popular esse esporte a é, até mesmo um punhado de jogadores não vacinados recebe atenção desmedida. O wide receiver Cole Beasley do Buffalo Bills, e os quarterbacks Kirk Cousins, do Minnesota Vikings, e Carson Wentz, do Indianapolis Colts, foram todos criticados por escolherem permanecer não vacinados.

Mas eles foram francos sobre suas decisões. Rodgers, por outro lado, evitou responder diretamente quando questionado se ele foi vacinado. Ele disse que estava “imunizado”.

Em uma entrevista no programa “The Pat McAfee Show” na semana passada, Rodgers disse que seguiu seu próprio “protocolo de imunização”, embora não tenha fornecido detalhes sobre o que isso implica. Mas a vacinação e a infecção natural são as únicas maneiras de obter imunidade ao vírus, disseram os cientistas.

Na entrevista, Rodgers alimentou ainda mais a polêmica ao tentar se distanciar dos teóricos da conspiração.

“Eu não sou, você sabe, algum tipo de antivax ou terraplanista. Eu sou um pensador crítico.”

Mas muitas de suas declarações no programa ecoam aquelas feitas por pessoas do movimento antivacinas.

Na entrevista, Rodgers sugeriu que o fato de que as pessoas ainda estavam pegando e morrendo de covid-19 significava que as vacinas não eram altamente eficazes.

Embora imperfeitas, as vacinas fornecem proteção extremamente forte contra os piores resultados de infecção, incluindo hospitalização e morte. Americanos não vacinados, por exemplo, têm cerca de 10 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados e 11 vezes mais probabilidade de morrer de covid-19 do que americanos vacinados, de acordo com um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

“No que diz respeito às pessoas que estão no hospital com covid, a esmagadora maioria são pessoas não vacinadas”, disse Angela Rasmussen, especialista em vírus da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Saskatchewan. “E a transmissão está sendo conduzida esmagadoramente por pessoas não vacinadas para outras pessoas não vacinadas.”

Rodgers também expressou preocupação de que as vacinas possam causar problemas de fertilidade, um ponto comum no movimento antivacinas. Não há evidências de que as vacinas afetem a fertilidade em homens ou mulheres.

O atleta disse que descartou as vacinas de mRNA, fabricadas pela Pfizer e Moderna, porque ele tinha uma alergia a um ingrediente não especificado que elas continham.

Essas alergias são possíveis – um pequeno número de pessoas é alérgico ao polietilenoglicol, que está nas vacinas Pfizer e Moderna – mas extremamente raras. Por exemplo, houve cerca de 11 casos de anafilaxia, uma reação alérgica grave, para cada 1 milhão de doses da vacina Pfizer administrada, de acordo com um estudo do CDC.

A agência de saúde pública recomenda que pessoas com alergia conhecida a um ingrediente de uma das vacinas de mRNA não tomem essas vacinas, mas alguns cientistas expressaram ceticismo de que Rodgers realmente tivesse uma alergia conhecida e documentada. Mesmo se tivesse, ele poderia ser elegível para a vacina da Johnson & Johnson, que depende de uma tecnologia diferente.

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