Sábado, 20 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de outubro de 2023
Atores da política e da economia elogiaram o encontro do presidente Lula com Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central, na semana passada em Brasília. “É uma sinalização para a comunidade econômica de que o País está maduro”, afirmou o ex-diretor do BC e presidente da Febraban, Isaac Sidney. “Foi um gesto importante de pacificação e respeito institucional”, disse o empresário João Doria.
Porém, não é algo que possa virar rotina. “Esse movimento seria mal interpretado como tentativa de interferência e Campos Neto jamais se curvaria”, avaliou o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Ele ressaltou que a redução da taxa Selic depende do cenário econômico e que pressões indevidas atrapalhariam a trajetória de queda já iniciada.
Em evento no Supremo Tribunal Federal na semana passada, um dia depois da reunião com Lula, Campos Neto foi um dos mais assediados, mas não relatou nada da conversa. “Campos Neto já foi chamado até de canalha e aguentou porque sabe de seu papel. O silêncio agora também mostra que ele foi o convidado para o encontro. Cabe ao anfitrião falar”, concluiu Maílson.
No Congresso, a expectativa é de que a base de Lula baixe o tom contra Campos Neto e suspenda, pelo menos por ora, o discurso sobre o fim da autonomia do Banco Central.
Acelera – Quadros poderosos do PT têm cobrado Lula a efetivar a troca na presidência da Caixa Econômica Federal, acertada com o Centrão na reforma ministerial. Em conversas reservadas, o entorno do petista insiste que é preciso cumprir o acordo o quanto antes para destravar a pauta econômica no Congresso. As 12 vice-presidências ainda têm destino incerto.
Para o posto de Dino
O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, tem sido criticado nas redes sociais por militantes e intelectuais de esquerda após defender a Polícia Militar da Bahia, que possui a maior taxa de letalidade do País, seguida pela PM do Rio. O braço direito do ministro Flávio Dino, porém, não lidou bem com os comentários, bloqueando os seus críticos no X (ex-Twitter).
Diante de uma possível indicação de Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, Cappelli está em campanha aberta para se viabilizar como o novo Ministério da Justiça. Também estão no páreo para comandar a pasta, o secretário Nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, este último próximo ao PT, que tem criticado a atuação de Dino na área da segurança pública. A escolha passa pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que governou a Bahia nos últimos oito anos – período em que a criminalidade no Estado explodiu.
As críticas a Cappelli ganharam forma após uma entrevista do número dois da Justiça à emissora de televisão CNN Brasil. “Não vejo uma desestruturação da Segurança Pública na Bahia. É grave? É. Tem confronto. Tem? Agora, a polícia da Bahia é uma polícia boa. Tem a questão da letalidade? Tem. Mas você não enfrenta crime organizado com fuzil com rosas. Porém, a letalidade deve ser investigada e combatida”, afirmou ao canal de TV.
Após a declaração, o professor Thiago Amparo, da Fundação Getulio Vargas (FGV), criticou a posição de Cappelli por meio de uma publicação no X. “Na Bahia, apenas em setembro, foram 52 mortos pela polícia”, escreveu o pesquisador, que foi bloqueado por Cappelli na sequência. Além de Amparo, outros formadores de opinião também foram bloqueados, incluindo jornalistas. O episódio movimentou as redes sociais nesse domingo (2).
A postura de Cappelli frente às críticas não foi bem recebida pela esquerda, que voltou a criticá-lo por conta dos bloqueios. O secretário-executivo foi comparado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também bloqueava os seus críticos nas redes.