Segunda-feira, 29 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de julho de 2025
A Austrália vai aplicar suas leis históricas sobre redes sociais para proibir que menores de 16 anos acessem a plataforma de vídeos YouTube. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (30) pela ministra das Comunicações, Anika Wells, que justificou a decisão com o argumento de que é preciso proteger as crianças dos “algoritmos predatórios”.
“Há lugar para as redes sociais, mas não há lugar para os algoritmos predatórios direcionados às crianças”, declarou a ministra em um comunicado oficial. A preocupação do governo é com o impacto da recomendação de conteúdo feita por plataformas digitais, que pode influenciar comportamentos e afetar a saúde mental de jovens usuários.
Segundo Wells, a intenção não é acabar com o acesso à tecnologia, mas garantir que os menores tenham tempo para desenvolver senso crítico antes de serem expostos a conteúdos direcionados por inteligência artificial. “Queremos que as crianças saibam quem elas são, antes que as plataformas assumam quem elas são”, disse.
No ano passado, a Austrália já havia anunciado que pretendia restringir o acesso de crianças a redes como Facebook, TikTok e Instagram até que completassem 16 anos. À época, o governo optou por não incluir o YouTube na lista, citando o uso educacional da plataforma em ambientes escolares. A decisão desta quarta-feira, portanto, representa uma mudança na abordagem inicial.
A nova diretriz inclui o YouTube por entender que, apesar de seu conteúdo ser em grande parte audiovisual e educativo, a plataforma também adota mecanismos de personalização e recomendação de vídeos semelhantes aos de redes sociais. Esses recursos, segundo especialistas ouvidos pela imprensa australiana, podem impactar negativamente o comportamento de jovens em formação.
Um porta-voz do YouTube reagiu à decisão, classificando-a como “uma mudança impactante”. Em nota, a empresa afirmou que sua plataforma não é uma rede social tradicional e destacou o papel que desempenha no acesso gratuito a conteúdo de qualidade. “Nossa posição continua clara: o YouTube é uma plataforma para compartilhar vídeos com uma biblioteca de conteúdo gratuito e de alta qualidade, cada vez mais utilizada em telas de televisão”, informou.
Apesar disso, o governo australiano defende que o critério de classificação não se baseia apenas no formato, mas na maneira como os conteúdos são entregues e no tempo de exposição que as plataformas estimulam. O debate sobre o uso de algoritmos voltados ao público infantil ganhou força em vários países, com especialistas alertando para a necessidade de regulações mais rigorosas.
A proposta ainda deverá passar por consultas públicas e avaliação de órgãos reguladores antes de ser efetivada. Se aprovada, a medida pode inspirar outras nações a adotar ações semelhantes, aprofundando a discussão global sobre o papel das plataformas digitais na infância e adolescência.