Terça-feira, 04 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de novembro de 2025
Entre tantos mistérios do universo, “a vida após a morte, o triângulo das Bermudas e a fila do SUS”, surgiu um novo enigma da humanidade contemporânea: por que as pessoas tiram o azulzinho do WhatsApp?
Você já ficou indignado com isso? Pois bem, é o novo escudo emocional do século XXI. Gente que não quer parecer grossa, mas também não quer parecer disponível.
A geração que confunde tempo de resposta com nível de interesse e acha que esconder dois risquinhos é a forma mais evoluída de “manter a paz interior”, mesmo que isso irrite profundamente quem está do outro lado da tela.
Agora é hora da minha vingança. Por isso mesmo, decidi irritá-los um pouquinho também. As espécies dos sem-azulzinho:
O covarde digital
É o tipo que some do azulzinho para não ter que dizer “não”, “sim” ou “talvez”. Vive online, mas finge estar em retiro espiritual. Para ele, o “visto por último” é trauma.
Acha que ignorar é uma forma de auto-cuidado. Não, na verdade é covardia digital com capa de serenidade.
O preguiçoso empático
Não é má vontade, é exaustão emocional. Ele até gosta de ti, mas responder exige mais energia que correr uma maratona.
O problema é que, enquanto tu esperas uma resposta, ele está em outro grupo mandando meme. “Depois eu respondo.”
Esse é o epitáfio de todas as conversas que foram enterradas antes mesmo de morrerem.
O estrategista afetivo
Acha que deixar o mistério no ar é charme. Não responde para parecer disputado, desejado, ocupado.
No fundo, está ali, olhando a tela e pensando: “Agora ele vai ficar pensando em mim”. E ficamos. Infelizmente, esse plano maligno funciona mesmo! Palmas para o gênio das manipulações sentimentais de quinta categoria.
O controlador zen
Prega o desapego, mas vive olhando se você está online. Desliga o azul para não ser cobrado, mas monitora a tua atividade com mais atenção que a Anatel. É o mestre supremo da contradição digital: medita, mas surta se for cobrado.
E finalmente…
O presunçoso
Ah, o presunçoso… esse é o que acha que o WhatsApp é um tapete vermelho digital. Cada mensagem recebida é, para ele, um fã-clube pedindo autógrafo.
Na cabeça dele, responder é uma forma de benevolência, quase uma bênção. Ele não visualiza, ele “avalia a importância da abordagem e se você é ou não digno de resposta”. Esse tipo de sujeito não se acha a última bolachinha do pacote, ele acredita que é o próprio pacote!
Business versus azulzinho
No ambiente corporativo, então, é uma praga moderna. Você precisa de um feedback rápido, um orçamento, uma confirmação, uma resposta objetiva e os “mizeravi” somem…
Desligam o azulzinho e te deixam ali, conversando com o vácuo e acreditando que o sinal da operadora caiu. Horas depois, ele aparece com aquele clássico:
“Desculpa, estava numa reunião.”
Mentira! Ele estava é lendo tua mensagem e saboreando o poder do silêncio. Presunção não é status, é falta de empatia disfarçada de importância.
Análise leve – psicologia de bolso
Tirar o azulzinho é, no fundo, um mecanismo de fuga. A forma moderna de dizer “não quero lidar com emoções agora”. Psicólogos chamam de evitação; eu chamo de preguiça afetiva ou falta de empatia.
Entre Freud e o WhatsApp, a humanidade escolheu o botão das configurações como terapia. É o novo divã digital, só que sem sessão, sem retorno e, é claro, sem o azulzinho…
Conclusão – a virada irônica
Se você chegou até aqui e riu, é porque com certeza conhece alguém que tira o azulzinho do WhatsApp, ou então faz parte desse grupo. Nesse caso, não adianta tirar o azulzinho para esconder que leu essa crônica, eu consigo ver o seu sorrisinho irônico piscando aqui em minha tela quântica, seu “miseravi”!
* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho