Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024

Home Economia Banco Central deve elevar a taxa básica de juros e pode deixar a “porta aberta” para mais altas

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O Banco Central (BC) deve elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 12,75% para 13,25% ao ano, no Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, mas pode, mais uma vez, não ser capaz de indicar o encerramento do ciclo de aperto. Desde o último Copom, a inflação global voltou a assustar e os riscos fiscais se intensificaram, com o novo pacote do governo para os combustíveis, sem sinais firmes de melhora do cenário de preços no Brasil.

A desoneração sobre combustíveis pode atrapalhar mais o BC, com um possível efeito “rebote” aumentando as chances do terceiro ano consecutivo de rompimento da meta em 2023, foco da política monetária. Nesse contexto, têm crescido as apostas de que o ciclo pode não terminar este mês e economistas avaliam que o colegiado deve manter na mesa todas as opções para o encontro de agosto: nova alta de juros ou o início do período de estabilidade.

A este quadro se soma a falta de informações assertivas sobre as variáveis que o Copom vai usar para atualizar seus modelos de inflação, uma vez que não houve até o momento atualização do Boletim Focus com as estimativas do mercado financeiro da semana passada.

No último Focus, no dia 6, a mediana para o IPCA – índice oficial de inflação – de 2022 estava em 8,89%, já bem acima do teto da meta (5%), e de 2023 em 4,39%, mais próximo do limite de 4,75% do que do alvo central de 3,25%.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, 46 de 50 instituições financeiras consultadas estimam que a taxa alcance 13,25% nesta semana, em ajuste inferior ao de 1 ponto percentual feito em maio, conforme sinalizado pelo Copom. Para o fim do ciclo, as expectativas estão divididas: 25 de 49 casas apostam em 13,25%, enquanto 24 esperam 13,50% ou mais.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

No JPMorgan, o ativismo fiscal do governo com relação aos preços de energia foi decisivo para alterar a perspectiva para a Selic de 13,25% para 13,75%, com mais uma alta de 0,50 ponto percentual em agosto. “A estratégia ótima de comunicação parece ser de o Copom deixar todas as opções na mesa, sinalizando no comunicado que considera outro ajuste em agosto como possível, em uma magnitude não superior ao de junho”, disse o banco, em relatório.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, também avalia que o BC deve acabar indicando nova alta da Selic em agosto, com a inflação de serviços bastante salgada, desancoragem de expectativas e ausência de um processo claro de desinflação – pontos que o BC já afirmou que quer combater. Damico também pontua que o balanço de riscos tende a piorar, em face das maiores ameaças fiscais e da forte persistência inflacionária no exterior.

Já Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, avalia que a instituição pode ter condições de encerrar o ciclo de alta da Selic em 13,25% esta semana, já que a inflação provavelmente já passou do pico no Brasil (o IPCA em 12 meses passou de 12,13% em abril para 11,73% em maio) e que o juro real está em nível bem contracionista.

Mas pondera que o cenário incerto ainda recomenda que a autoridade monetária não seja assertiva sobre o fim do ciclo. “A gente ainda está em um terreno bem movediço, a maré não acalmou. A inflação internacional não bateu o pico, pode ser que o Brasil importe mais inflação”, explica.

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