Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 17 de dezembro de 2021
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária não sabe qual será a taxa básica de juros no fim do atual ciclo de altas.
“A gente falou bastante que discutimos aumentos maiores, o quão longo deveria ser o ciclo, qual era a taxa terminal, o que poderia ser a taxa terminal”, disse ele, em entrevista coletiva. “Mas na verdade nós não comunicamos e não sabemos qual é a taxa terminal.”
Segundo Campos Neto, o BC “entende que tem um movimento mais persistente” de inflação que “pode demandar um ciclo mais longo” de elevações da Selic. “Esse é um tema da decisão de cada reunião do Copom”, disse. Mas ele destacou que há “uma volatilidade nos dados de curto prazo muito grande”.
“A gente tem tentado abstrair o ruído de curto prazo e categorizar o que tem
acontecido de estrutural na inflação”, afirmou. De acordo com Campos Neto, o BC continua “dando pesos iguais” às metas de inflação de 2022 e 2023. A afirmação foi feita após pergunta sobre possível mudança no horizonte relevante da política monetária. “A gente segue o padrão normal”, disse.
Já o diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, afirmou que “os coeficientes” de inércia inflacionária “chacoalharam na pandemia” e possivelmente caíram. “Mas a gente usa o coeficiente anterior”, disse.
Campos afirmou ainda que o BC “não pretende divulgar meta para atividade e emprego”. Ele destacou que o BC tem “meta primária para a inflação”. “A suavização da atividade está muito ligada à meta de inflação”, disse ele, ao acrescentar que “lutar pela meta de inflação contribui para as outras metas”.
Cenário básico
Campos Neto reiterou que o cenário básico da instituição considera que não haverá novos eventos que piorem o lado fiscal no ano que vem. “A gente entende que boa parte do debate que poderia ser feito no ano que vem no âmbito fiscal foi decidido com o movimento recente de precatórios, como foi votado, como foi feito e qual o espaço que isso abriu”, disse o chefe da autoridade monetária.
“Vamos observar os próximos passos, sempre entendendo que o câmbio é flutuante”, completou ele, após ter dito que a incerteza fiscal afetou a taxa de câmbio.
Câmbio
O presidente do Banco Central reforçou que houve nas últimas semanas “um fluxo maior de saída” de recursos, o que exigiu mais intervenções no câmbio. “O câmbio é flutuante, não existe meta para o câmbio”, disse. “O que a gente percebeu nas últimas semanas foi um fluxo maior de saída.”
Segundo ele, parte desse movimento está ligada a remessas de dividendos.
“Quando tem movimentos pontuais de saída, a gente faz essas intervenções”, disse. Campos afirmou ainda que “todos os riscos, e o fiscal é um deles, influenciam a percepção do câmbio.”