Quarta-feira, 03 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de setembro de 2025
A lenta desaceleração da inflação esperada para os próximos meses deve retardar o início da queda dos juros, segundo economistas. Hoje os juros básicos, a Selic, estão no recorde histórico de 15% ao ano.
Entre os motivos apontados para a lentidão na queda da inflação nos próximos meses estão a resistência dos preços dos serviços e o fim da deflação na alimentação no domicílio já em setembro.
Também a entrada do pagamento dos precatórios e do ressarcimento da fraude do INSS no segundo semestre, que impulsionam o consumo das famílias, contribuem para a queda mais lenta da inflação, além do efeito defasado nos preços da subida dos juros que houve no passado.
A deflação de 0,14% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de agosto, a prévia da inflação, reacendeu o debate sobre o corte da taxa básica de juros no final deste ano.
No entanto, a deflação do IPCA-15 de agosto foi provocada por um fator pontual, que foi o bônus de Itaipu na energia elétrica, o que não deve se repetir. Sem o bônus de Itaipu, o IPCA-15 de agosto teria registrado alta de 0,06%, calcula Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos.
O próprio presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse na última semana, que o Comitê de Política Monetária (Copom) não pode se deixar levar por um ou outro dado pontual na hora de tomar suas decisões, se referindo à deflação registrada pelo IPCA-15. Segundo ele, a taxa básica de juros permanecerá em níveis elevados por um período prolongado.
Primeiro trimestre
“Projetamos que a taxa básica de juros somente passará a ser cortada no 1º trimestre de 2026”, afirma Fabio Romão, economista sênior da LCA 4intelligence.
Entre as razões para a redução dos juros só no primeiro trimestre do ano que vem, Romão aponta o fato de os preços da alimentação no domicílio voltarem a subir em setembro, com destaque para as altas esperadas para o café e carnes, e pela resistência registrada pelos preços dos serviços no IPCA-15 de agosto.
“Os juros devem começar a cair entre janeiro e março do ano que vem, mais para março”, diz Marcela, da Lifetime. A economista observa que a inflação está na trajetória correta, mas o ritmo é muito lento. “Por isso, a convergência para a meta (de inflação) deve demorar muito para acontecer.”
O principal fator, segundo Marcela, para o corte nos juros é a virada no mercado de trabalho. Com o recuo do emprego e da renda, os preços dos serviços devem desacelerar também e, por tabela, a inflação.
Para Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o BC está ganhando a batalha das expectativas sobre a inflação. Isso tem aparecido nos resultados do Boletim Focus do Banco Central, que capta as projeções de mercado.
Essa reação do mercado, segundo, o economista, é um estímulo para a autoridade monetária manter os juros em níveis elevados. “Justamente agora que o BC começou a ganhar o jogo, não faz sentido mudar a tática.” Ele lembra que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já sinalizou em várias ocasiões que pretende manter os juros em níveis atuais até o final do ano.
(Com informações do O Estado de S.Paulo)
No Ar: Pampa Na Tarde