Domingo, 24 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de agosto de 2025
Uma das iniciativas mais relevantes para o enfrentamento de enchentes e estiagens no Rio Grande do Sul, a construção da barragem do Jaguari, em São Gabriel (Região da Campanha), foi visitada nessa quinta-feira (21) pelo governador Eduardo Leite e pela titular da Secretaria de Obras Públicas (SOP), Izabel Matte. A estrutura – com finalização prevista para 2026 – conta com investimentos estaduais e federais que totalizam R$ 330 milhões.
A comitiva conferiu pessoalmente a concretização de um compromisso assumido de destravar os investimentos nessa barragem e na do Taquarembó, localizada em Dom Pedrito e que está sendo erguida. Desde 2009, ambas as obras alternavam períodos de trabalho com outros de paralisia, atrasando sua conclusão.
Leite destacou que o Estado aporta 70% do valor da obra e que essa disponibilidade de recursos só foi possível a partir da equalização das contas públicas no Rio Grande do Sul:
“A recuperação fiscal foi fundamental para tirar obras como essa do papel. O ritmo em que estão nos dá muita confiança de que a barragem deve estar concluída no início do ano que vem. Paralelamente, estamos trabalhando nos estudos para os canais de distribuição da água na região, o que será importante para enfrentar ciclos de estiagem e aumentar a produtividade no campo. É uma obra transformadora da realidade da região”.
No dia anterior, a secretária Izabel já havia acompanhado a construção no Taquarembó, retomada neste ano: “Essas duas barragens eram, no início de nossa gestão, um dos maiores desafios a enfrentar. Só havia como opção viabilizar a conclusão das obras. Agora, com trabalhadores e máquinas em pleno funcionamento, vemos o resultado da dedicação. O Estado terá em Jaguari e em Taquarembó, um grande reforço no enfrentamento às cheias e secas”.
Funcionamento
Quando concluídas, as barragens terão dupla função. Uma é assegurar o abastecimento em períodos de estiagem, viabilizando, por meio do sistema de canais, a irrigação de aproximadamente 117 mil hectares. A outra é regular o nível dos rios nas cheias.
Dessa forma, fortalecerão a resiliência climática da região, reduzindo os impactos de eventos extremos e tornando o Rio Grande do Sul mais preparado para enfrentar crises. A barragem do Taquarembó também garantirá o fornecimento de água à população.
As barragens atenderão a 235 mil habitantes em seis municípios: Cacequi, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Rosário do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel. A região tem forte tradição agrícola, especialmente em culturas como arroz, soja e milho, mas enfrenta dificuldades por questões climáticas.
O resultado esperado é maior segurança às lavouras, com redução de perdas e ampliação de produtividade. Conforme o governo gaúcho, “os benefícios para a agricultura e pecuária se estenderão à sociedade em geral com mais eficiência no campo, aquecendo toda a economia regional, que é bastante baseada no agronegócio”.
Tanto o arroio Jaguari quanto o Taquarembó desaguam no rio Santa Maria, que nasce em Dom Pedrito e percorre cerca de 350 quilômetros até chegar à foz no rio Ibicuí, que, por sua vez, é afluente do rio Uruguai.
Jaguari
Em São Gabriel, Eduardo Leite viu uma estrutura de terra com quase 24 metros de altura e que ainda crescerá cerca de 1,5 metro no seu ponto mais alto, até a conclusão das obras. O barramento (estrutura em si que segura a água) terá mais de 1 quilômetro de extensão, ao passo que a capacidade do reservatório é de 138,17 milhões de metros-cúbicos de água, o equivalente a cerca de 55 mil piscinas olímpicas, ocupando 1.798 hectares – ou mais de 2,5 mil campos de futebol.
Atualmente com 87% da construção concluída, Jaguari começou a ser erguida em 2009, mas os trabalhos ficaram parados entre 2012 e 2018, quando foram retomados. Agora, a entrega está próxima, prevista para o primeiro semestre de 2026. Neste momento, são realizados trabalhos nas estruturas de terra e de concreto, além de outras ações paralelas à obra principal.
Até o momento, foram destinados R$ 232 milhões para a obra, sendo R$ 124 milhões do governo gaúcho e R$ 108 milhões da União. Deste total, R$ 16,2 milhões foram executados neste ano pelo Estado. A construção ainda receberá mais R$ 98 milhões, sendo R$ 89,3 milhões do Estado e R$ 8,7 milhões da União.
Em julho, iniciou-se mais uma etapa da obra com a elaboração do projeto da tubulação adutora, que alimentará o sistema de canais que levará água para irrigação. Também será feito o canal by pass, que devolve a água da barragem para o arroio, liberando a vazão excedente durante o enchimento da barragem. O investimento é de R$ 25,8 milhões.
Taquarembó
A cerca de 24 quilômetros da Jaguari, em linha reta, fica a barragem do Taquarembó. Feita de concreto, a estrutura está 58,3% concluída, devendo estar pronta no final do ano que vem. Com R$ 107 milhões já investidos na construção, R$ 7,8 milhões neste ano, entre recursos do Estado e da União, Taquarembó ainda receberá mais R$ 143 milhões para a conclusão. Ao final, terão sido destinados R$ 251 milhões para a obra, sendo R$ 107,6 milhões do Estado e R$ 143,3 milhões da União.
A construção começou em 2009 e parou em 2013. Voltou entre 2015 e 2017, quando foi interrompida novamente. No começo deste ano, o governo autorizou o reinício das obras. Desde então, houve a recuperação do canteiro de obras, incluindo estruturas como escritórios, refeitório, alojamento, laboratório, oficina e almoxarifado.
É constante a manutenção da estrada de acesso, sendo realizada todos os meses. A avaliação das estruturas já construídas está em andamento e começaram as escavações para os canais que destinarão água para a barragem.
Taquarembó tem 382 metros de comprimento e altura máxima de 34 metros, com largura de 5 metros. O reservatório terá 116 milhões de metros-cúbicos de água, ou 46,4 mil piscinas olímpicas, ocupando um espaço de 1.240 hectares, cerca de 1,7 mil campos de futebol.
(Marcello Campos)
Voltar Todas de Rio Grande do Sul
No Ar: Pampa Na Tarde