Quarta-feira, 30 de Abril de 2025

Home em foco Bem-humorado e o primeiro papa latino-americano: relembre a trajetória de Francisco

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Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. O pontífice ficou conhecido pelo seu perfil carismático e pelas reformas que promoveu na Igreja Católica. Ao longo da carreira, antes de ser papa, o argentino também estudou química e trabalhou como professor.

Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor, Bento XVI.

À frente da Igreja Católica por 12 anos, Francisco foi o papa número 266.  Formado em Ciências Químicas e professor de Literatura, o religioso, filho de imigrantes italianos, acabou se dedicando aos estudos eclesiásticos. O perfil jovial e descontraído do religioso fez com que ele se tornasse uma opção popular entre os colegas cardeais e uma escolha ideal para a Igreja, que vivia um de seus momentos mais delicados.

Seus pais, ambos italianos, chegaram à Argentina em 1929, junto a uma leva de imigrantes europeus em busca de oportunidades de trabalho na América. Arcebispo da capital argentina, ele era considerado um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores. O religioso era admirado por sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação.

O argentino também era reconhecido por seus dotes intelectuais, por ser considerado dialogante e moderado, além de gostar de tango e torcer pelo time de futebol argentino San Lorenzo.

Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Depois, ingressou em um seminário no bairro de Villa Devoto. Em março de 1958, Bergoglio entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas, fundada no século XVI.

Em 1963, o religioso estudou humanidades no Chile e voltou à Argentina no ano seguinte para ser professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé.

Entre 1967 e 1970, estudou teologia e acabou sendo ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969. Em menos de quatro anos, chegou a liderar a congregação jesuíta local, um cargo que exerceu de 1973 a 1979.

Foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel entre 1980 e 1986 e, depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba. Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires.

Em 1997, ele se tornou arcebispo titular de Buenos Aires. Em 2001, foi nomeado cardeal e primaz da Argentina pelo papa João Paulo II. Entre 2005 e 2011, ocupou a presidência da Conferência Episcopal do país durante dois períodos.

Francisco foi eleito papa no dia 13 de março de 2013. Ele substituiu Bento XVI, que resolveu renunciar ao cargo ao alegar falta de ânimo e vigor para governar a Igreja Católica.

À época, a Igreja Católica passava por uma grave crise moral e de confiança, principalmente por causa dos escândalos de pedofilia envolvendo padres ao redor do mundo.

Francisco chegou com a missão de reverter a queda na popularidade da Igreja e conquistar novos fiéis, principalmente os mais jovens. Ele acabou sendo eleito papa no segundo dia de conclave por ser visto como um religioso de perfil jovial e descontraído.

Em seu primeiro encontro com a imprensa internacional, o papa disse que escolheu o nome Francisco por influência do cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes.

“Quando os votos chegaram aos dois terços, começaram a aplaudir, porque o papa tinha sido eleito. E ele [Dom Cláudio Hummes] me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’”, lembrou o pontífice, em 2013.

“Aquela palavra entrou na minha cabeça: os pobres. Pensei em Francisco de Assis. Depois pensei nas guerras, enquanto a apuração prosseguia. E Francisco é o homem da paz. E assim o nome saiu do meu coração: Francisco de Assis. Como eu queria uma Igreja pobre, para os pobres”, disse o papa.

Reformas

As reformas da Igreja Católica também foram outra marca de Francisco. Ele iniciou um processo de reformulação das estruturas da Cúria, que é o governo do Vaticano, com atenção especial para a parte econômica e financeira.

Francisco parecia impulsionado por uma missão urgente: incentivar uma Igreja, desertada em alguns países, a acompanhar com misericórdia os católicos em situações irregulares.

O papa tinha um forte consenso entre os fiéis e, também, entre alguns agnósticos e não-crentes. Mas ele não agradava aos ultraconservadores, que tentavam desacreditá-lo. Como papa, Francisco enfrentou assuntos delicados para a igreja, como os direitos LGBTQIA+ e o sexismo.

Ele foi o primeiro papa a ter convidado um transexual ao Vaticano e se recusou a julgar os homossexuais. Francisco permitiu bênçãos de padres a casais do mesmo sexo, mas acabou sendo alvo de polêmicas ao dizer que existia “bichice demais” nos seminários, em 2024. À época, Francisco pediu desculpas pelas declarações.

O pontífice também ficou conhecido por colocar mulheres em cargos mais altos no Vaticano e permitir que elas votassem no Sínodo dos Bispos – a reunião em que bispos debatem e decidem questões ideológicas e regimentos internos.

Por outro lado, ele foi criticado por não adotar as medidas necessárias para autorizar sacerdotes do sexo feminino na igreja, que é uma reivindicação histórica de parte das mulheres católicas.

Neste ano, o pontífice passou cerca de 40 dias hospitalizado em Roma para tratar um dupla pneumonia. Depois de receber alta em 25 de março, ele teve compromissos oficiais e fez uma aparição pública na Páscoa antes de morrer nesta segunda-feira.

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