Home Agro Bioinsumos de nova geração impulsionam agricultura sustentável

A safra 2025 consolidou uma tendência que já vinha se intensificando no agronegócio brasileiro: o clima tornou-se o principal fator de risco para a produção. A irregularidade das chuvas, a alternância entre estiagens prolongadas e excesso hídrico, além de ondas de calor em fases críticas das culturas, pressionou a produtividade e elevou a demanda por tecnologias capazes de mitigar perdas. Nesse cenário, os bioinsumos de nova geração ganharam protagonismo ao oferecer alternativas fisiológicas para ampliar a resiliência das plantas.

Entre as soluções que avançaram no campo estão os produtos baseados em fitoesteróis, desenvolvidos para reduzir os impactos do estresse hídrico — tanto por falta quanto por excesso de água. A tecnologia atua diretamente na fisiologia vegetal, modulando respostas metabólicas e permitindo que a planta mantenha desempenho mesmo em condições adversas. Em culturas como soja, milho e algodão, essa camada adicional de proteção tem se mostrado decisiva para preservar o potencial produtivo.

Os resultados consolidados ao longo de quatro safras reforçam a consistência técnica dessas soluções. Em milho, os incrementos médios de produtividade chegaram a 9,4%, o equivalente a 10,1 sacos por hectare, com taxa de vitória de 90% nos ensaios. Na soja, o ganho médio foi de 8,4%, ou 4,6 sacos por hectare, também com mais de 90% de vitórias. Esses números foram obtidos em parceria com mais de 52 instituições de pesquisa no Brasil, abrangendo diferentes regiões, sistemas de manejo e condições climáticas. A amplitude dos dados confere robustez estatística e credibilidade agronômica aos resultados.

A adoção crescente dessas tecnologias está diretamente ligada ao novo perfil de risco enfrentado pelo produtor. Em um ambiente climático cada vez mais imprevisível, ferramentas que ampliam a resiliência fisiológica das plantas se tornam estratégicas. Elas não substituem o manejo tradicional, mas o complementam, oferecendo uma margem técnica que pode ser decisiva para a viabilidade econômica da safra. Em anos favoráveis, ajudam a capturar parte do potencial produtivo que antes se perdia por variações ambientais ao longo do ciclo.

O avanço dos bioinsumos também dialoga com a agenda global de sustentabilidade. A pressão por práticas agrícolas de menor impacto ambiental, combinada à necessidade de reduzir a dependência de insumos químicos tradicionais, impulsiona a busca por soluções biológicas. Tecnologias baseadas em fitoesteróis se inserem nesse movimento ao oferecer ganhos de produtividade sem ampliar a carga química sobre o ambiente. Além disso, contribuem para práticas de agricultura regenerativa, manejo mais eficiente da água e redução da pegada de carbono.

O setor também tem recebido atenção internacional. Reconhecimentos em premiações de inovação e sustentabilidade, além da participação em programas globais de tecnologia, reforçam o papel do Brasil como vitrine para validação em larga escala de soluções voltadas à mitigação de riscos climáticos. O país reúne diversidade de ambientes, desafios agronômicos complexos e produtores altamente tecnificados — combinação que acelera o desenvolvimento e a adaptação dessas tecnologias.

Para 2026, a tendência é de expansão. A ampliação da rede de distribuição, o avanço em novas culturas e o fortalecimento de parcerias técnicas devem acelerar a adoção dos bioinsumos de nova geração. A agenda ESG também deve ganhar peso, com maior foco em certificações, práticas regenerativas e integração a mercados internacionais que valorizam rastreabilidade e sustentabilidade.

Em um cenário em que o clima se tornou variável central na equação produtiva, a agricultura brasileira avança para um modelo em que tecnologia, ciência e sustentabilidade caminham juntas. Os bioinsumos de nova geração não apenas reduzem a vulnerabilidade climática, mas também reposicionam o país na fronteira da inovação agrícola — um movimento que tende a se intensificar nos próximos anos. (por Gisele Flores)