Domingo, 21 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de novembro de 2023
No afã de capitalizar politicamente em torno do resgate de brasileiros da Faixa de Gaza, bolsonaristas levantaram uma tese que é prejudicial à imagem de Israel. Depois de o ex-presidente dizer que pediu apoio a assessor do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu para ajudar na repatriação, aliados foram às redes sociais afirmar que foi a intervenção de Jair Bolsonaro que garantiu o retorno aos brasileiros.
“Isso é um delírio político”, diz Michel Gherman, professor do núcleo interdisciplinar de estudos judaicos da UFRJ e pesquisador da Universidade de Jerusalém. Para ele, a mensagem é perigosa para os brasileiros e pode até estimular o antissemitismo. “Passa a ideia de que Israel age com os mais baixos interesses políticos”, concluiu.
O instituto de pesquisas Quaest divulgou na sexta-feira (10) um estudo que aponta um alcance insuficiente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para “furar a bolha” nas redes sociais com o discurso de que teria conseguido a liberação dos brasileiros da Faixa de Gaza.
Bolsonaro disse à CNN Brasil que conversou com Yossi Shelley, um dos assessores do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e que teria pedido apoio ao governo de Israel para que autorizasse a saída dos mais de 30 brasileiros impedidos de deixar o território palestino.
Segundo a Quaest, a maioria das menções nas redes sociais ao resgate de brasileiros em Gaza associa o feito – ainda não concretizado – ao presidente Lula (PT), não a Bolsonaro, entre as 15h de 9 de novembro e as 15h desta sexta.
Guerra de narrativas
De acordo com um gráfico publicado pelo diretor da Quaest, Felipe Nunes, o maior índice de menções favoráveis a Bolsonaro foi de 36%, contra 64% a Lula, entre entre 14h e 15h da sexta. Na postagem, Nunes declarou que a média foi de 23% de menções favoráveis a Bolsonaro e 74% de menções favoráveis a Lula.
“Virou uma guerra nas redes. De um lado, governistas defendendo a ação de Lula, lembrando tudo o que ele vem fazendo desde o começo do conflito; do outro a oposição afirmando que foi Bolsonaro quem conseguiu a liberação dos brasileiros”, escreveu Nunes.
“Cresceram as manifestações nas redes em favor do ex-presidente. Mas nada que significasse uma virada de cenário. (…) Bolsonaro até conseguiu convocar seus soldados digitais para a guerra, mas não conseguiu furar a bolha. Pelo menos até aqui”, disse o presidente da Quaest.
Cuidado
Os brasileiros que tentam sair de Gaza permanecem no sul do território porque ainda não conseguiram ultrapassar a fronteira com o Egito. A passagem foi obstruída por bombardeios de Israel. No início de novembro, o governo Lula resgatou 33 brasileiros da Cisjordânia.
O governo brasileiro vai oferecer alojamento e vacinas aos 34 brasileiros incluídos na lista de resgate na Faixa de Gaza. Quando chegarem ao Brasil, os repatriados receberão atendimento médico imediato e ficarão dois dias em Brasília, em acomodações cedidas pela FAB.