Quinta-feira, 15 de Maio de 2025

Home Política Bolsonaro cobra governadores de direita a se posicionarem contra sua inelegibilidade

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou nessa quarta-feira (14) governadores de direita a questionarem publicamente as decisões que resultaram em sua inelegibilidade.

Ele afirmou ainda que, se condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pela denúncia de ter liderado uma trama golpista em 2022, é “game over”, ou seja, acabou a sua carreira política.

O ex-presidente é réu no caso sob acusação de ter praticado cinco crimes cujas penas, somadas, ultrapassam 40 anos.

As declarações foram dadas em entrevista ao UOL na qual adotou tom mais ameno em relação ao Supremo se comparado a seu histórico de ataques à corte.

Bolsonaro fez a cobrança aos governadores ao mencionar as articulações do ex-presidente Michel Temer (MDB) por uma candidatura única do centro e da direita para a Presidência.

“Não é estratégia política, vou até o último segundo [para se candidatar à Presidência em 2026]. Michel Temer até entrou nessa questão… É direito do Michel Temer, ninguém que entrou na politica esquece… Mas gostaria, não posso obrigar, que os governadores falassem: ‘Bolsonaro está inelegível por quê? Essas acusações valem?”, afirmou.

Temer conversou recentemente com os governadores Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Junior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), todos cotados para uma candidatura presidencial, com o objetivo declarado de construir um projeto para o país.

A iniciativa irritou bolsonaristas. Eles defendem a manutenção do nome de Bolsonaro como potencial candidato, ainda que ele esteja inelegível em razão de duas condenações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), uma por atacar o sistema eleitoral em reunião com embaixadores e outra e outra por uso eleitoral do 7 de Setembro.

Bolsonaro manteve durante a entrevista o discurso de não anunciar nenhum sucessor para as eleições de 2026.

Quando questionado sobre o prazo para governadores se desincompatibilizarem do cargo para participar do pleito, ou seja abril do ano que vem, disse que ainda falta muito e que ainda acredita em um milagre que possa reverter sua inelegibilidade

Ao mencionar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), sugeriu que pode perder capital político ao definir com muita antecedência um sucessor. “Não posso bater martelo agora. Certas coisas, se você externar, vou deixar de ser pessoa procurada.”

Bolsonaro ainda elogiou Tarcísio, mas afirmou que o governador ainda precisa de experiência política.

“Tarcísio tem falado publicamente, ‘sou candidato à reeleição, tenho divida de gratidão com Jair Bolsonaro’. Eu tenho dívida com ele também, foi excepcional ministro [da Infraestrutura], gestor fenomenal, que enfrenta seus problemas, que não teve a vivência que eu tive de 28 anos de Parlamento”, afirmou.

“[Na política] Por vezes, tem que engolir sapo pela fosseta lacrimal. Tarcísio está aprendendo isso aí.. [Tem] Tremendo futuro político.”

Judiciário

Em diversos momentos da entrevista, Bolsonaro disse ser vítima de lawfare, termo que designa o uso da Justiça para perseguição política.

“Eleição sem meu nome na chapa é negação da democracia”, declarou.

Em entrevista à Folha em abril, o ex-presidente afirmou que uma eventual prisão significaria o fim da sua vida. Nessa quarta, adotou tom semelhante ao falar do cenário de uma condenação no STF, pois “não tem para onde recorrer mais ali”, e indicou se fiar em uma possível pressão popular.

“Se eu for condenado, pronto, acabou, é ‘game over’. Vamos ver como vai ser, se vai ter reação da população”, disse. “Estou com 70 anos. Pode até achar que estou com uma cara de bom, mas a carcaça tem 70 anos. Não aguento disputar uma eleição daqui a oito, dez anos.”

O ex-presidente afirmou que não fica “feliz em desgastar” a corte. “Se fazem pesquisa sobre a popularidade do Supremo, está abaixo do Legislativo, quem diria.”

Questionado se se arrepende de ter chamado Moraes de canalha durante evento de 7 de setembro de 2021, disse que foi um desabafo, mas que “não falaria de novo aquilo”.

Em outro momento, afirmou que, em uma eventual nova gestão, deixaria militares restritos ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), no Palácio do Planalto, e estreitaria relações com o Supremo. “Tem que ter relacionamento, ponto final. Por mais que tenhamos arestas com alguns [ministros da corte]”, disse.

Questionado sobre o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que fez delação premiada no caso da trama golpista, o ex-presidente afirmou que o militar foi alvo de “pau de arara do século 21”.

O termo designa uma forma de tortura praticada na ditadura militar, período comumente exaltado por Bolsonaro

“Pode fazer delação nessa circunstância? Não, até Lava-Jato falou que [é] pau de arara do século 21. Isso foi feito com Cid. Delação subentende o quê? Espontaneidade, verdade e prova. Deixou de existir na delação do Cid. Ele foi torturado, não vou falar que ele mentiu”, afirmou. (Com informações da Folha de S.Paulo)

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