Sábado, 25 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de março de 2022
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a apoiadores e jornalistas, durante visita a uma pastelaria no Distrito Federal no sábado (26) que o evento do PL deste domingo (27) será o lançamento de sua pré-candidatura. No entanto, como mostrou reportagem do Estadão, a sigla transformou a agenda em um ato de filiação em massa para evitar eventuais descumprimentos da lei eleitoral.
“É o lançamento da pré-candidatura. Não começa a campanha ainda. A campanha é 45 dias antes, mas é para mostrar que eu sou candidato à reeleição”, declarou o presidente.
A advogada Caroline Lacerda, sócia do escritório de Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, que atende a campanha de Bolsonaro, confirmou à reportagem, na quarta-feira, a reestruturação do evento por cautela jurídica. “A lei eleitoral não fala de pré-lançamento de campanhas, não existe nenhuma norma sobre isso. O evento do PL tinha sido pensado para ser algo desse jeito, mas, por não ter previsão legal, eles preferiram mudar”, disse Carolina.
O evento do PL está marcado para começar amanhã às 10 horas no Centro Internacional de Convenções de Brasília (CICB).
Neste sábado (26), Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada logo cedo e fez um passeio de moto pelo Distrito Federal e por Goiás. Passou por uma igreja, mercados e um campinho de futebol, sempre para conversar com apoiadores.
Na pastelaria em que fez os comentários sobre o PL, Bolsonaro ainda afirmou que o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, é o “melhor ministro do Turismo até hoje”. “Ele está sinalizando cada vez mais um número enorme de turistas de fora do Brasil para cá. A Europa está com problema, o que está sobrando é o Brasil”, disse o presidente.
Gilson Machado deixará o cargo no ministério nesta semana para disputar uma vaga de senador por Pernambuco. O mais cotado para assumir a pasta é o presidente da Embratur, Carlos Britto.
O chefe do Executivo também voltou a lamentar o salto do preço do petróleo no exterior, que impacta os reajustes de preços da Petrobras. “Em três meses, agora, entrou mais dólares [no Brasil] que no ano passado todinho. O dólar está afundando. Lamentamos o preço do petróleo que está subindo bastante, influencia no preço aqui de dentro.”
Depois do passeio de moto da manhã, Bolsonaro retornou ao Palácio da Alvorada.
Lula no Lola
O PL entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o festival de música Lollapalooza após artistas como Pabllo Vittar criticarem o chefe do Executivo e exaltarem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro e líder nas pesquisas de intenção de voto na corrida eleitoral deste ano.
Pabllo chegou a exibir uma bandeira de Lula em sua apresentação, fato apontado pelo PL na peça judicial. De acordo com a legenda, o ato se assemelha a showmício e fere a lei eleitoral.
O presidente Bolsonaro, no entanto, dedica boa parte da agenda para compromissos de cunho eleitoral, como as frequentes motociatas e reuniões com apoiadores país afora. Ainda no meio do ano passado, o Ministério Público Eleitoral entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo aplicação de multa ao presidente e outras autoridades por propaganda eleitoral antecipada.
Na ocasião, em cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural, em Marabá (PA), Bolsonaro mostrara uma camiseta que ganhou de apoiador com a mensagem “É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022”. O ato foi transmitido ao vivo pela TV Brasil.
Mais recentemente, em 8 de março, como mostrou o Estadão, Bolsonaro transformou os palácios do Planalto e da Alvorada em palco de encontros de viés eleitoral, para agradar a aliados religiosos, acenar a mulheres e até reunir pecuaristas mobilizados para doar dinheiro a sua futura campanha.
A advogada Caroline Lacerda diz que o evento precisa “instruir os artistas”. “Neste momento do ano eleitoral, não é permitido fazer exaltação a nenhum candidato e também não é permitido falar mal de nenhum candidato. A lei eleitoral veda tanto a propaganda antecipada quanto a propaganda negativa”, afirmou a advogada. “Por descumprimento da lei, a gente pediu ao TSE notificar o evento para que ajuste a conduta dos artistas que ainda forem fazer shows hoje e amanhã”, acrescenta.
O PL também cita as críticas da cantora internacional Marina ao presidente brasileiro. “Estamos cansados dessa energia”, disse Marina. A banda Strokes soltou um “Fora, Bolsonaro” ao final de seu show, mas o episódio não foi relatado pelo partido.