Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025

Home em foco Bolsonaro nega ter recebido dinheiro da venda de relógio Rolex presenteado pela Arábia Saudita

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O ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter recebido dinheiro da venda do relógio Rolex presenteado pela Arábia Saudita. A declaração ocorreu no mesmo dia em que o advogado de Mauro Cid mudou de discurso. Agora, disse que o então ajudante de ordens de Bolsonaro só vendeu um relógio Rolex, e não um conjunto de joias.

Nas últimas 24 horas, esse caso ganhou versões contraditórias e um movimento importante do STF – Supremo Tribunal Federal nas investigações.

O ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e autorizou as quebras dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, do pai dele, o general da reserva Mauro César Lourena Cid, do advogado Frederick Wassef e do segundo tenente Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens – atualmente um dos auxiliares pessoais escolhidos por Bolsonaro na cota a que ele tem direito como ex-presidente.

A Polícia Federal disse ter indícios de que o grupo estaria envolvido na venda ilegal no exterior de joias recebidas como presentes oficiais de governos estrangeiros e na tentativa de recompra delas quando o esquema começou a ser revelado.

Entre as joias recompradas estão peças do chamado “kit ouro branco”: um anel, abotoaduras, um rosário islâmico e um relógio Rolex cravejado de diamantes, entregues a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.

A Polícia Federal quer traçar o rastro do dinheiro arrecadado com as joias e usado para recomprar parte delas. A PF vai analisar movimentações de Bolsonaro e aliados de 2019, início do governo dele, até agora. A Receita Federal deve enviar os dados nas próximas semanas.

Moraes autorizou ainda um pedido de cooperação internacional aos Estados Unidos. Isso para ter acesso aos dados bancários internacionais de Jair Bolsonaro, Mauro Cid e do pai dele. A PF já prepara esse pedido oficial.

Guerra de versões

O avanço das investigações da PF provocou uma guerra de versões entre os envolvidos. Na quinta-feira (17), o advogado Cezar Bittencourt, que defende Mauro Cid, afirmou que o ex-ajudante de ordens decidiu confessar a participação dele no esquema de venda e recompra ilegal das joias, e que ele agiu cumprindo ordens diretas de Bolsonaro, e entregou a Bolsonaro o dinheiro obtido com a negociação dos presentes. As informações foram publicadas pelo site da revista “Veja” e confirmadas pelo advogado ao Jornal Nacional.

Nesta sexta-feira (18), em entrevista ao jornal “Estado de S.Paulo”, Jair Bolsonaro falou sobre a entrevista de quinta do advogado de Mauro Cid.

Jair Bolsonaro: “Eu li a matéria. Não achei nada de concreto contra mim ali. O tempo vai poder dizer”.
Pergunta: “E a decisão do ministro Alexandre de Moraes? O que que o senhor avalia? A decisão que determinou a quebra do sigilo do senhor?”
Bolsonaro: “Sem problema nenhum”.

Sobre as joias que aliados de Jair Bolsonaro venderam ou tentaram vender no exterior, o ex-presidente invocou uma portaria do antecessor dele, Michel Temer, que caracterizava os presentes de caráter personalíssimo que poderiam ficar no acervo privado do presidente. Contudo, essa portaria foi revogada na gestão do prórpio Bolsonaro, ainda em 2021. O ex-presidente então disse que preferia não entrar em detalhes quando foi questionado sobre o Rolex que recebeu em 2022.

Apesar de o presidente fazer referência a uma norma de 2021, desde 2016 o entendimento do Tribunal de Contas da União é de que apenas itens de baixo valor ou com prazo de validade – como bonés, camisetas e alimentos – podem ser incorporados ao patrimônio privado dos presidentes. O TCU entende que presentes oficiais de alto valor, como joias, devem ser registrados no acervo da Presidência como de interesse público e incorporados ao Patrimônio Cultural Brasileiro.

Encontro

Na mesma entrevista, Jair Bolsonaro também confirmou que recebeu o hacker Walter Delgatti no Palácio da Alvorada. Afirmou que encaminhou o hacker para a Comissão de Transparência Eleitoral, que tinha representante do Ministério da Defesa, para que o hacker colaborasse com o Tribunal Superior Eleitoral. Mas, logo em seguida, Bolsonaro tentou desqualificar totalmente Delgatti, afirmando que se trata de um estelionatário.

Bolsonaro: “Recebi o Delgatti e não nego. A Carla Zambelli levou ele lá. O quê que a gente procurava naquela época? Era a certeza que o sistema é seguro. Tanto é que encaminhei para a Comissão de Transparência Eleitoral, que foi uma comissão que foi criada com uma portaria do ministro Barroso e era para, exatamente, colaborar com o TSE para que a eleição fosse a mais segura possível. E, pelo que eu sei, ele ficou lá talvez 15, 20 minutos. E pelo que eu sei, não foi recebido pelo ministro de Defesa, mas foi recebido por alguém dessa Comissão de Transparência Eleitoral e foi liberado. E pelo que eu sei, pelo que eu sei, ele nunca mais voltou lá”.
Repórter: “O senhor faria uma acareação com ele?”
Bolsonaro: “Para quê fazer acareação?”
Repórter: “No depoimento dele teve partes que o Wajngarten disse que foram mentira”.
Bolsonaro: “Vai com calma aí… Ali foi mostrado a vida pregressa dele. Estelionatário contumaz, está certo? Acareação tem que ser em pontos sensíveis, né? São pontos sensíveis né. É a palavra dele, só a palavra dele e mais nada. Você pode ver, ele está preso. Pelo que eu vi na imprensa, não quer delação premiada, ele quer entrar no programa de proteção à testemunha. Quem está preso não tem programa de proteção à testemunha”.

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