Domingo, 15 de Setembro de 2024

Home em foco Bombardeios maciços deixam Kiev em choque: “a morte num instante”

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No belo parque Taras Chevtchenko, no Centro de Kiev, um míssil deixou uma cratera profunda no chão e destruiu uma área de recreação infantil. Uma fina fumaça branca, fruto da explosão, ainda escapava do buraco. Este foi apenas um de uma série de bombardeios que atingiram diversas cidades da Ucrânia nesta segunda-feira (10), incluindo a capital Kiev, que estava desde junho sem sofrer ataques. Ao todo, 11 pessoas morreram — 5 apenas em Kiev — e 64 ficaram feridas, segundo o serviço de emergência ucraniano.

Na rua ao redor do parque, as janelas dos prédios foram estilhaçadas. Cacos de vidro se espalharam pelo chão. A explosão arrancou a porta de um restaurante, onde funcionários já logo se ocuparam de varrer os escombros.

Em uma esquina, o primeiro ataque atingiu um cruzamento, bem ao lado de um prédio administrativo branco de três andares, cujas janelas também foram destruídas. O míssil criou uma cratera na estrada, elevando o asfalto. Vários veículos estacionados na região viraram um monte de latarias tortas e carbonizadas.

Pouco depois das 8h da manhã (2h no horário de Brasília), dois mísseis atingiram o mesmo bairro, com menos de um minuto de intervalo e a 300 metros um do outro. Um jornalista da AFP viu um corpo completamente coberto por uma manta térmica.

Um cano também foi atingido, transformando ruas em um riacho. A água desce até a avenida principal do centro da cidade.

Sentado em um banco mais adiante no parque, Ivan Poliakov ainda estava pálido. O jovem de 22 anos teve dificuldade em expressar o que sente após os ataques da manhã.

“Estou em choque. Cheguei em Kiev nesta manhã. Andava pela rua quando houve as explosões”, diz ele. “Vi crianças e mulheres chorando. Gosto de Kiev, as pessoas são boas, são corajosas. Mas num instante… a morte vem”, acrescentou.

Ksenia Riazantseva e seu marido moram na rua ao redor do parque, do lado do pátio, em frente à área de recreação infantil que foi destroçada.

“Estávamos dormindo e ouvimos a primeira explosão”, disse à AFP. “Acordamos e fomos checar, e então veio a segunda explosão. Não entendemos o que aconteceu”, continuou.

“Vimos a fumaça, depois os carros, e percebemos que não tínhamos mais janela. Felizmente moramos do lado do pátio”, descreveu Riazantseva, de 39 anos. “Há uma universidade, dois museus, não há nenhum alvo militar ou algo assim. Eles só matam civis”, concluiu.

Questionada sobre seus sentimentos após o ataque, o primeiro desde 26 de junho na capital, ela respondeu: “Olha, estamos em guerra!”

Para Seguii Agapov, um homem que pintava a moldura de um busto na parede de um prédio em frente ao parque, não há dúvidas de que os ataques são uma retaliação após a explosão na ponte da Crimeia no sábado (8).

“Depois da ponte da Crimeia, tudo começou. Ontem Zaporíjia, hoje Kiev. Sim, acho que são represálias, muito horríveis e cruéis, porque os civis sofrem”, disse ele. “Não entendemos por que estão fazendo isso conosco, qual é o sentido de tudo isso?”, acrescentou.

Após os ataques, os pedestres eram escassos na rua Krechtchatyk, a principal avenida do centro de Kiev. Inúmeras lojas ainda estão fechadas. Na véspera, na tarde de domingo, uma multidão caminhava pela cidade, sob o sol radiante, sem esperar o que estava por vir.

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