Quinta-feira, 03 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de julho de 2025
Na reta final de sua presidência pro tempore do Mercosul, que termina amanhã, na cúpula de chefes de Estado do bloco, em Buenos Aires, a Argentina governada por Javier Milei propôs uma declaração “em tom duro”, confirmaram fontes oficiais, sobre a ditadura venezuelana. O texto, se não morrer na praia, será divulgado como uma declaração separada – e não necessariamente apoiada por todos –do texto final que será assinado pelos presidentes. Isso acontece quando não existe consenso entre os membros do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, que está finalizando sua incorporação como membro pleno) para que a proposta de um deles seja incorporada na declaração final.
As divergências sobre como abordar a situação na Venezuela refletem as diferenças cada vez mais profundas dentro de um Mercosul no qual Argentina e Paraguai formam hoje um minibloco com posições ideológicas e políticas antagônicas em relação a Brasil, Uruguai e Bolívia. O que salva o Mercosul, reconhecem fontes oficiais, é o fato de ser, para todos, uma plataforma comercial cada vez mais vantajosa, num mundo, nesse aspecto, cada vez mais caótico e imprevisível.
Modelo Bukele
Mas o Mercosul sobre o qual Milei falará em seu discurso como anfitrião da cúpula é muito diferente do Mercosul que defendem Brasil, Uruguai e Bolívia. Durante os últimos seis meses, o governo argentino paralisou debates sobre qualquer iniciativa relacionada a questões como clima, políticas sociais, meio ambiente, gênero, direito das mulheres, direitos humanos e das minorias, entre outros. Na agenda de Milei têm destaque, apenas, temas relacionados ao comércio e segurança.
Uma das propostas da Argentina é a de criar uma agência de combate ao crime organizado. O assunto foi tratado na reunião de ministros da Justiça e Segurança realizada na capital argentina, no início de junho. Segundo fontes argentinas, “a expectativa de Milei é de que os países anunciem seu compromisso com a agência na cúpula”.
“Esse é um tema fundamental para a Argentina, e acreditamos que para todos os países do bloco”, disse a fonte.
O governo brasileiro, em princípio, apoia a iniciativa argentina. A dúvida do Brasil é qual será a metodologia que a agência promovida pela Argentina seguirá.
“Não apoiaremos nada que se pareça ao modelo de Bukele em El Salvador, ou que não respeite os direitos humanos”, frisou uma das fontes brasileiras consultas.
Milei e o presidente de El Salvador têm sintonia fina.
COP30 na agenda
Outra fonte defendeu um trabalho conjunto com os sócios do Mercosul em matéria de segurança, “porque é uma agenda que interessa a todos, governos de esquerda e direita. É melhor trabalhar juntos”.
Os pilares da presidência argentina do bloco foram comércio e segurança. Sem avanço em outras áreas, o governo Milei dedicou quase todo seu esforço à agenda externa do bloco, com destaque para o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). Também foi finalizada uma negociação importante dentro do bloco, para flexibilizar a Tarifa Externa Comum (TEC), que taxa produtos de fora do Mercosul, o que permitirá aos argentinos ampliar suas conversas bilaterais com sócios como os EUA.
Com a vitória argentina, Milei deixou de falar em tirar seu país do Mercosul, o que para o Brasil é um alívio. As concessões feitas na mesa de negociações, afirmam fontes oficiais brasileiras, são menores se comparadas ao risco de que o bloco perdesse um de seus principais sócios.
Os pilares da presidência argentina do bloco foram comércio e segurança. Sem avanço em outras áreas, o governo Milei dedicou quase todo seu esforço à agenda externa do bloco, com destaque para o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE). Também foi finalizada uma negociação importante dentro do bloco, para flexibilizar a Tarifa Externa Comum (TEC), que taxa produtos de fora do Mercosul, o que permitirá aos argentinos ampliar suas conversas bilaterais com sócios como os EUA.
Com a vitória argentina, Milei deixou de falar em tirar seu país do Mercosul, o que para o Brasil é um alívio. As concessões feitas na mesa de negociações, afirmam fontes oficiais brasileiras, são menores se comparadas ao risco de que o bloco perdesse um de seus principais sócios.
Milei tampouco quer falar sobre políticas sociais, de gênero ou direitos humanos. Mesmo ciente das limitações, no Brasil, confirmaram fontes oficiais, “predomina a ideia de que não vale a pena bater de frente com a Argentina”.
“Temos de trabalhar com o que é possível”, concluiu.
No Ar: Pampa Na Madrugada