Sábado, 20 de Abril de 2024

Home Mundo Brasil faz crítica ao Conselho de Segurança da ONU durante reunião emergencial nesta sexta-feira

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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma reunião de emergência após a Rússia cercar e bombardear a maior usina nuclear da Europa, na Ucrânia. Os líderes iniciaram o encontro por volta das 13h40 desta sexta-feira (4), pelo horário de Brasília. Os embaixadores estão preocupados com os riscos que esse tipo de ataque pode trazer, como vazamento radiativo.

O embaixador do Brasil, Ronaldo Costa Filho, afirmou que o Conselho não tem sido eficaz em promover uma solução para a invasão russa à Ucrânia. “Não podemos ignorar o papel que o Conselho deve desempenhar, mas que não está desempenhando na situação atual. Uma série de reuniões foram realizadas nesta câmara sob a situação na Ucrânia e parece que não importa quantas reuniões convoquemos, um cessar-fogo e um fim de todas as hostilidades ainda permanece uma solução evasiva”, disse.

“Isso não é um paradoxo, ao contrário, é uma falha do Conselho de agir de uma forma construtiva em endereçar esse tópico”, reforçou ele. O representante brasileiro no colegiado afirmou que o país exige que todos os membros sejam ativos e busquem uma solução para o conflito entre os dois países.

Em sua fala, Ronaldo Costa Filho criticou o ataque ao prédio da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia. Segundo ele, o episódio poderia ter consequências sérias, citando a possibilidade de uma “catástrofe humanitária” e um “incidente nuclear”.

O diplomata citou um artigo da Convenção de Genebra segundo o qual instalações elétricas e nucleares não devem ser o alvo de ataque, mesmo quando esse seja um dos objetivos militares. Para o embaixador, o episódio é mais um motivo para a comunidade internacional exigir um cessar-fogo e uma solução para o conflito.

Enquanto a reunião acontecia, novos bombardeios ocorreram na Ucrânia. Sirenes dispararam em Odessa e em Kiev, capital e coração do poder do governo. A reunião para um cessar-fogo foi adiada.

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, não confia na versão russa para o ataque. “Sofremos um ataque terrorista nuclear da Rússia”, salientou.

“O órgão de monitoramento não teve acesso à usina. Alguns sistemas de monitoramento não estão funcionando”, denunciou. “É alarmante que muitos funcionários da manutenção da usina tenham sido mortos por soldados russos. Não houve troca de turno”.

Ele completa: “Exigimos reações claras da agência internacional de energia atômica”, disse, ao defender um posicionamento da comunidade internacional e a retirada das tropas.

A embaixadora dos Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfield, pediu que a Rússia retire as tropas da usina para permitir que os funcionários tenham acesso ao local para os operadores manterem a operação segura. “É preciso avaliar danos e o sistema de arrefecimento dos reatores. Instalações nucleares não podem ser parte desse conflito”, frisou.

Tropas russas negaram que o incêndio na maior usina nuclear da Europa, a ucraniana Zaporizhzhia, tenha sido ocasionado por bombardeios de militares da Rússia. Ao contrário, segundo o The Independent, eles atribuíram a culpa a esquadrões de sabotagem da Ucrânia.

Rússia nega prejuízos nucleares

O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzia, chamou de “campanha de desinformações contra a Rússia” a acusação de bombardeio à usina. Ele negou que a central tenha sofrido impactos.

“A usina foi tomada em 28 de fevereiro pelas forças russas. Fizemos isso para evitar que nacionalistas ucranianos e outros terroristas se beneficiem e façam ameaças nucleares. Além disso, evitar interrupção do fornecimento de energia para Ucrânia e consumidores europeus. A equipe que está operando tem experiência e sabe cuidar da usina”, defendeu.

Segundo Nebenzia, a operação continua “normalmente”. “A usina continua operando e não existe nenhum risco de vazamento de material radioativo”, garantiu na ONU.

Maior que Chernobyl

A usina foi alvo de intenso bombardeio russo. A central nuclear fica em Zaporizhzhia, na Ucrânia. Uma explosão poderia causar uma tragédia 10 vezes maior que o acidente em Chernobyl, em 1986 – até então a maior catástrofe do tipo –, segundo alertou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba.

O incêndio, segundo o governo ucraniano, atingiu um prédio usado para treinamento, mas não houve mudança nos níveis de radiação, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em pronunciamento gravado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o mandatário russo, Vladimir Putin, de “querer repetir Chernobyl”. Ele afirmou que Putin usa “o terror nuclear” para causar pânico. O vídeo foi divulgado após uma ataque russo desencadear um incêndio na central.

“Alertamos o mundo inteiro para o fato de que nenhum outro país, exceto a Rússia, disparou contra usinas nucleares. Esta é a primeira vez em nossa história, a primeira vez na história da humanidade. Este estado terrorista está agora recorrendo ao terror nuclear”, criticou Zelensky na gravação dessa quinta-feira (4).

A usina de Zaporizhzhia foi cercada no dia 28. Tropas russas ocuparam o local e tomaram o controle da central nuclear.

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