Segunda-feira, 01 de Setembro de 2025

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Há duas semanas, Sara Baptista voltou para a casa dos pais em Santos, no litoral de São Paulo, depois de deixar o Reino Unido. A jornalista havia concluído um mestrado em Direitos Humanos em Manchester em 2023 e apostava no visto de graduação para conseguir um emprego em organizações sociais que lhe garantisse um visto de trabalho. O sonho, porém, se desfez aos poucos diante das novas restrições de imigração adotadas no país.

Em maio deste ano, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou um pacote com novas exigências para o processo de imigração. Entre as principais mudanças, estão a necessidade de testes de inglês para os requerentes de visto e seus dependentes adultos, a extensão de cinco para dez anos no tempo mínimo necessário para solicitar a residência permanente — o que ainda não há prazo para entrar em vigor — e o aumento do salário base para obtenção do visto de trabalho.

Maior base salarial

Agora, a base salarial exigida para solicitar o documento passou de £ 38.700 para £ 41.700 por ano (de R$ 238 mil para R$ 305 mil). Antes disso, em abril do ano passado, o valor já havia subido de £ 26.200 para £ 38.700 anuais (de R$ 191 mil para R$ 283 mil). Há exceções para algumas profissões e uma remuneração um pouco menor para quem possui visto de graduação ou estudante, como Sara. Mesmo assim, a nova política foi decisiva para a brasileira.

— A maioria das vagas na minha área ficava por volta de £ 33 mil ao ano. Desde o ano passado, comecei a pensar em voltar. Vi que não teria nenhum emprego que pagasse isso — conta.

Em março, chegou a conseguir um trabalho, mas a vaga foi cancelada assim que a empresa percebeu que precisaria patrocinar seu visto. Mesmo após investir cerca de £ 2.800 libras (cerca de R$ 20,8 mil) em seu visto de graduação, a brasileira decidiu voltar ao país natal meses antes da expiração do documento.

O endurecimento das regras migratórias é apresentado pelo governo britânico como forma de conter a migração líquida — o número de pessoas que chegam ao Reino Unido menos a quantidade de pessoas que saem. Desde o Brexit, concluído em 2020, a quantidade de imigrantes no país disparou. Entre 2022 e 2023, o Reino Unido recebeu mais de 800 mil pessoas, contra médias de 200 mil a 300 mil por ano antes da saída da União Europeia.

Durante a apresentação do pacote em maio, o premier britânico afirmou que o governo iria “retomar o controle das fronteiras” e que, sem as novas regras, o país correria o risco de “se tornar uma ilha de desconhecidos, não uma nação que caminha unida”.

O número de brasileiros que retornaram do Reino Unido disparou de 620 em 2021 para 4.850 em 2024, segundo o Home Office, órgão responsável por imigração e segurança. Isso coloca o Brasil na terceira posição entre as nacionalidades que mais voltaram no ano passado, atrás da Índia e da Albânia. Só no primeiro semestre de 2025, já foram 3.049, número que inclui deportações, retornos voluntários e espontâneos.

Nuni Jorgensen, pesquisadora do Observatório de Migração da Universidade de Oxford, diz que o número é alto considerando o tamanho da comunidade brasileira.

Mais pedidos de asilo

Muitos brasileiros retornam por estarem em situação irregular. Desde que assumiu em julho de 2024, o Partido Trabalhista prometeu intensificar o retorno de imigrantes irregulares e transferiu mil funcionários para a fiscalização migratória. Além disso, reforçou o chamado retorno voluntário, sistema que oferece £ 3 mil (cerca de R$ 22 mil) para o imigrante que decide ir embora, além da passagem de avião de volta.

Foi por esse sistema que Caio (nome fictício) voltou a Goiânia em fevereiro. O ex-funcionário público de 30 anos havia se mudado para Londres no fim de 2020 e aplicou para o visto de dependente do padrasto, que vivia no país de forma legal. Após o período permitido a turistas vencer, passou um ano e meio em situação irregular, trabalhando como entregador, em um rotina exaustiva de até 15 horas diárias de trabalho. Foi detido em 2023 e pediu asilo para evitar a deportação.

— Era a única forma de conseguir ficar lá, só que enquanto a gente espera (pela aprovação) não pode trabalhar. Eu precisava ganhar dinheiro para viver, então teve uma hora que não vi mais sentido.

Sob risco de deportação, muitos brasileiros recorrem ao pedido de asilo, o que fez as solicitações dispararem. Até 2018, o número de requerentes não chegava a 40. No ano passado, atingiu a marca de 2.640, dos quais apenas 19 foram aceitos. Com informações do portal O Globo.

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